1º dia: o choque

Cinco sumos, quatro snacks, três toppings, duas sopas e uma infusão para beber ao longo do dia. Eis a composição do novo plano Pure Detox do Go Natural que me comprometi a testar durante os próximos três dias. “Este é um plano mais intenso de um dia. Se o seu corpo está habituado a fazer detox então poderá repetir este plano até três dias seguidos”, lê-se num panfleto (que funciona como livro de instruções com o que comer e a que horas) assinado pela nutricionista Lilian Barros. Confesso que nunca fiz um detox, mas quão difícil será sobreviver três dias com seis sopas e quinze sumos?

Antes de começar, peso-me e a balança acusa os 51,4 quilos da praxe. Se conseguir libertar as toxinas acumuladas no organismo depois dos excessos das férias — e perder algum peso pelo caminho — já fico feliz. Sigo o plano à risca e começo o detox ao pequeno-almoço. Rezam as instruções que deve ser tomado logo ao acordar. Assim faço: dois sumos aos quais acrescento um topping composto por flocos de aveia e sementes de chia. Bebo o energizante Açaí Boost e devoro o saboroso Goji Bellies de cenoura. Bem, isto foi fácil — e eu nem gosto de comer mal me levanto. Quando dou por mim já estou no trabalho e o relógio marca 10h30. Está na hora do lanche a meio da manhã, composto por outro sumo (com os toppings) e duas energy balls de cacau tão boas que nem sinto saudades do meu querido iogurte com cereais. Os flocos de aveia é que ficam sempre acumulados no fundo da embalagem do sumo. Uma chatice.

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As pipocas com óleo de coco e mel são um dos snacks que compõem o novos plano detox do Go Natural. (foto: © Divulgação)

Segue-se o almoço. O menu? Uma sopa de espinafres (com castanhas, sementes de sésamo, linhaça, abóbora e girassol) acompanhada de tiras de cenoura e pepino com hummus de beterraba. “O que é que estás aí a comer?”, questiona um colega ao almoço. A minha cara de satisfação não deve ter sido muito convincente porque depois de uma breve explicação da aventura que me espera nas próximas 72 horas, eis o que responde: “Não te quero desmotivar mas sobrou-me um bife de vaca e ninguém precisa de saber”. Perante tal oferta, não sei se ria ou chore. Decido ficar calada a delinear a estratégia perfeita para assaltar o frigorífico a meio da tarde.

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Passaram duas horas. Ou seja, sobrevivi até ao primeiro lanche: um sumo com um pacote de pipocas com óleo de coco e mel. Não sinto dores de cabeça, não comi nenhum bife de vaca (por enquanto) e tão pouco sinto fome. Pareço uma criança aos pulos quando provo as pipocas. Parecem-me um pequeno manjar dos deuses que fazem os meus níveis de açúcar dispararem. Uma felicidade prematura que, às 17h, desaparece. A razão? Escrevo uma reportagem sobre comida — sushi, ainda por cima. Solução: bebo uma chávena da infusão para cumprir o plano à risca enquanto conto os minutos para o segundo lanche.

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As pipocas de óleo de coco e mel e a gelatina de frutos tropicais com sementes de chia são dois dos snacks disponíveis para comer ao longo da tarde. (foto: André Marques/Observador)

Uma hora depois vou a correr, cheia de felicidade, para a cozinha. Abro o frigorífico e percebo que o meu contentamento é em vão porque deixei o pior sumo para o fim: o Gengitox, uma infusão de gengibre, aipo, pepino, espinafres e limão que promete acelerar o metabolismo. Podia prometer a vida eterna que eu não o aconselharia ao meu pior inimigo. O que me salva é a gelatina de abacaxi e frutos tropicais com sementes de chia que, apesar de só ter 17 calorias, muda rapidamente o meu estado de espírito de “estou capaz de matar alguém” para “estou capaz de matar alguém mas talvez só o faça amanhã”.

Decido ir ao ginásio e, quando chego, mal sinto fome para jantar. Peso-me e a balança marca 51 quilos. Perdi 400 gramas em 12 horas. Não está mal. Se continuar assim, terminarei o desafio com 50,2 quilos. Aqueço a sopa de pera e curcuma, acrescento-lhe as sementes e, a novidade, o boost proteico de ovo cozido com sementes de cânhamo. Termino o primeiro dia do detox e respiro pela primeira vez de alívio. Talvez seja menina para sobreviver aos três dias mas tenho a certeza que vou ter pesadelos com o sumo de gengibre.

2º dia: a batota

Acordo de manhã com a sensação de que fui atropelada por um camião. Sinto dores musculares no corpo todo — isto de treinar e não comer proteína não mata mas mói. Decido não cometer o erro dos sumos de ontem e, como se diz na gíria popular, encarar o touro pelos cornos. Vou buscar o Gengitox ao frigorífico, acrescento-lhe o topping e bebo. Hummm. Nada mau. A fome é tão negra que, desta vez, quase nem sinto o aroma a gengibre. Passo para o segundo sumo, o Lucia Love, que devoro em três goles. “Antioxidante, anti-stress e anti-aging”, lê-se na embalagem. Tudo o que preciso para enfrentar um dia de trabalho.

“Hoje não consegues almoçar em minha casa?”, pergunta-me uma amiga. Vontade não me falta. Só eu sei o que me custou caminhar até ao trabalho. Respondo que, infelizmente, não.”Vamos ao cinema logo à noite?”, desafia-me então. Já vou comer as minhas pipocas saudáveis às 15h e sei que, se me vir rodeada de pipocas calóricas no cinema, vai ser a receita para o desastre. Tragam-me os gelados, gomas e bolos de chocolate que quiserem — eu resisto — mas só nega pipocas quem não tem coração. “Não posso”, volto a argumentar. É oficial: acabo de ser despromovida a pior amiga na história do universo.

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Existem três snacks que acompanham a sopa ao almoço: o mix de tiras de legumes com hummus de beterraba, os mini noodles de beterraba ou a mini salada de quiona com feijão, couve roxa e tomate cereja. (foto: Go Natural)

O relógio já passa das 10h30 e está na hora do lanche a meio da manhã: um sumo de maçã, ananás, framboesa, romã e infusão de açaí polvilhado com sementes de chia e flocos de aveia, acompanhado por duas energy balls. Conto os minutos até as 13h mas como o tempo insiste em não passar, preparo a infusão de lemongrass, cavalinha e canela que potencia a eliminação dos líquidos acumulados no organismo. Dou por mim a deixar o pau de canela atuar durante mais tempo para ver se ajuda a promover a sensação de saciedade e a diminuir os picos de glicemia, tal como promete. Dá para enganar o estômago mas não sou fã do sabor. Nem da quantidade de vezes que me faz ir à casa de banho. Pelo menos é sinal que funciona.

Ao almoço mal toco nas tiras de legumes com o hummus de beterraba — ninguém merece passar por tal suplício — mas devoro a sopa de couve-flor e coentros. Não sinto fome mas sinto-me sem energia. Atiro-me às pipocas mais cedo do que no dia anterior mas estão queimadas. Isto já esteve mais fácil: duvido que sobreviva ao dia quando nem o meu snack favorito está a colaborar com a causa. A boa notícia é que hoje troquei a gelatina por um iogurte de soja com sementes de chia que não é só mais saboroso como ainda tem mais calorias — uma palavra que nunca me deixou tão feliz.

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A infusão de lemongrass, cavalinha e canela promete potencializar a eliminação de líquidos acumulados no organismo ao longo do dia. (foto: Go Natural)

Antecipo os lanches, dou voltas à cadeira, mastigo pastilhas elásticas mas tenho tanta fome que sou capaz de comer os papéis em cima da secretária. O bife já não está no frigorífico — acreditem, eu procurei — e como nem tenho energia para descer uma rua, desisto da ideia de ir ao ginásio. Em vez disso, encontro-me à hora do jantar com a minha amiga e acabo por dar duas trincas num hambúrguer. Aproveito a deixa e provo as batatas fritas. Volto a acordar para a vida e sinto a tensão arterial a subir. Era o incentivo que precisava para sobreviver a mais um dia de detox, depois de me terem falhado as 400 calorias das pipocas.

3º dia: a mudança

Acordo às 08h e arrasto-me para a cozinha com a consciência tão pesada que evito cruzar-me com qualquer balança pelo caminho. Ao contrário do primeiro dia (e do segundo), sinto-me significativamente menos inchada, mais leve e com mais energia. Em dois dias, este plano alimentar também ajudou a regular-me o trânsito intestinal e a devolveu a luminosidade natural à pele do meu rosto — o sumo de cenoura bem prometia manter a pele saudável e a prevenir o seu envelhecimento. Mas, por outro lado, só consigo pensar em pizzas, hambúrgueres, sushi e ovos estrelados (não me perguntem porquê, nem eu sei). Será que falta muito para o dia acabar?

As horas passam depressa e, à hora do almoço, nem sequer provo as tiras de legumes com hummus de beterraba. Já sei ao que sabem, por isso fico-me pela sopa. O meu humor está consideravelmente tolerável para quem está a fazer um detox e prefiro mantê-lo assim. Ao primeiro lanche, enquanto salto de alegria — sim, outra vez — ao comer as pipocas, apercebo-me que o famoso sumo Gengitox ajuda mesmo a eliminar as toxinas do organismo porque sinto o metabolismo mais acelerado. Obrigada gengibre, admito o teu mérito.

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O sumo Açaí Boost tem propriedades imunitárias, anti-inflamatórias e antioxidantes que alegadamente ajudam a revitalizar o organismo. (foto: André Marques/Observador)

Depois do último sumo com gelatina de frutos tropicais e sementes de chia, ganho coragem para ir ao ginásio. Esqueço a musculação e passo 15 minutos na passadeira e na elíptica. Sinto-me um atleta olímpico que, depois de ter vencido a maratona, ainda teve de correr atrás da medalha. Só recupero o fôlego quando provo a sopa de abóbora com cinco tipos de sementes diferentes e pedaços de ovo cozido. Admito que nunca me senti tão saudável em toda a minha vida mas já não consigo ver sementes à frente. Subo à balança e nem acredito no que vejo: 50,3 quilos. Menos um quilo e 100 gramas do que pesava há menos de 72 horas. Agora sim, está na hora de estrelar um ovo.

O Pure Detox Go Natural custa 26,85€ por dia e pode ser adquirido em qualquer loja do grupo. Deve ser levantado no dia anterior ao início do plano e conservado no frigorífico para garantir a frescura dos produtos.