Conhecidos os termos gerais do acordo entre a Comissão Europeia e o Governo para a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, o CDS quer explicações do Governo. Falando no Parlamento esta quarta-feira, o deputado centrista Luís Pedro Mota Soares defendeu que o Governo deve dar explicações aos portugueses sobre o plano de recapitalização e que vai chamar o ministro das Finanças à comissão permanente do Parlamento de 8 de setembro.

“Agora que há um acordo com a Comissão Europeia é fundamental que o Governo venha dar uma explicação aos portugueses sobre o que é que vai acontecer no plano da Caixa Geral de Depósitos. Por isso mesmo chamaremos o Governo à próxima reunião que vai acontecer no dia 8 de setembro aqui no plenário da Assembleia da República”, disse aos jornalistas o deputado Pedro Mota Soares, nos Passos Perdidos da Assembleia da República.

Na opinião do centrista, são precisas “explicações sobre o que é que este acordo contém” questionando, por exemplo, se vai haver redução de balcões, de funcionários ou se vai ser vendida uma parte do negócio do banco público. “O Governo já acordou com Bruxelas, mas ainda não disse em Portugal o que é que acordou. Deve ser o ministro das Finanças a vir ao parlamento explicar o que é vai acontecer na Caixa Geral”, referiu.

Para Mota Soares, o Governo liderado pelo socialista António Costa fez da “gestão de todo o processo da CGD uma enorme trapalhada”, uma vez que “começou por anunciar que ia aumentar os salários dos novos gestores da Caixa ao mesmo tempo que admitia reduzir pessoal e até mesmo despedimentos”.”Continuou anunciando que queria aumentar o número de administradores da Caixa e com o Banco Central Europeu – o que é sempre penoso – a contrariar o Governo a atitude foi de uma enorme arrogância, dizendo que mudariam a lei só para acomodar esses mesmos nomes”, criticou.

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Na opinião do antigo ministro do CDS-PP, “foi preciso a opinião pública, o parlamento e até a intervenção do Presidente da República para obrigar o Governo a recuar e tentar dar algum bom senso a uma arrogância muito grande que o Governo tem vindo a demonstrar neste processo”.

Os centristas querem ainda saber qual é o impacto que o valor da recapitalização vai ter sobre a dívida pública portuguesa. “Não deixa de ser muito curioso que é um Governo do PS, com o apoio do PCP e do BE, que admite uma injeção de capital privado na própria CGD e também queremos perceber como é que isso vai acontecer”, referiu ainda.

Pedro Mota Soares considerou ainda que “não faz sentido, numa altura em que se estão a pedir tantos sacrifícios aos portugueses e aos funcionários da CGD” que se aumente o vencimento dos novos administradores do banco público. “É muito importante corrigir essa total falta de senso do Governo, esse contraste que o Governo está a propor para a CGD”, enfatizou.

O centrista recordou que o partido “sempre foi contrário a qualquer privatização da CGD”.

O Ministério das Finanças sublinhou esta quarta-feira que o acordo que estabeleceu com a Comissão Europeia para recapitalização da CGD “assenta num plano de negócio que garante a competitividade” do banco.