“Lisboa na Rua” é uma iniciativa da EGEAC que começa esta quinta-feira e prolonga-se até 1 de outubro. O programa é extenso: vai desde o fado ao jazz, dá um saltinho na arte sonora e na música clássica, numa mistura onde o cinema ao ar livre e a fotografia também têm lugar. Confuso? Pois bem, Joana Gomes Cardoso, presidente do conselho de administração da EGEAC, dá alguns conselhos do que não pode perder (mas pode consultar aqui a programação completa).

O Lisboa na Rua põe à prova a resistência do público e a capacidade de se deixarem levar por tudo o que vai acontecer (em simultâneo e não só) durante mais de um mês na capital. O primeiro conselho é colocar os auscultadores e ouvir a canção “Nome da Rua” de Amália Rodrigues, escrita pelo poeta David Mourão-Ferreira e composta por Alain Oulman. Joana Gomes Cardoso garante que também a ouviu e o objetivo é partir “à descoberta da cidade das sete colinas”, sem que sinta culpado por não aproveitar tudo. “Se habitualmente não vai a sítios de Lisboa, como a Quinta da Alfarrobeira em Benfica ou a Tapada das Necessidades, pode ser uma boa oportunidade para visitá-los”, diz.

[Pode escutar aqui o fado “Nome de Rua”]

O jazz está no jardim com a Arte Big Band

Não é uma novidade da programação do “Lisboa na Rua”, mas permanece como um dos pontos de destaque. A Arte da Big Band acontece às quintas, sempre num local diferente da cidade: Ribeira das Naus, Jardim da Amnistia Internacional em Campolide, Largo de São Carlos e Parque das Conchas. “Vou tentar ir a quatro dos cinco concertos”, diz a presidente do conselho de administração da EGEAC. Por razões oficiais, e também por curiosidade própria, Joana Gomes Cardoso afirma que não pode faltar ao concerto inaugural da formação belga Flat Earth Society (FES). “Estou à espera de uma banda de jazz com uma vertente mais contemporânea”, adianta.

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O Jardim do Arco do Cego é um dos locais do “Lisboa na Rua” © José Frade

Aliar o “espírito descontraído” do jardim — que durante o ano letivo se torna o ponto de encontro de muitos estudantes universitários — ao talento da música é uma proposta “irrecusável” para toda a família. Além disso, a iniciativa vai acolher bandas de jazz portuguesas.

Noutro jardim lisboeta, mas desta vez na Estrela, acontece o Kiosquorama. O festival itinerante de música francesa traz, sexta e sábado, às 18h, alguns artistas emergentes como Sarah Maison e Cléa Vincent.

Cantar e ouvir o fado

Também de fado se faz o “Lisboa na Rua” no Largo de São Carlos, em frente ao Teatro Nacional. Nesta edição, “Sou Fado” conta com os fadistas Gisela João, Camané e Carlos do Carmo nas atuações. Embora tenha todos em conta, um dos concertos ao qual a Joana Gomes Cardoso não falta é o da Gisela João. “É uma artista muito espontânea, muito à semelhança da essência do festival”, diz.

A fotografia no Príncipe Real e o vídeo arte na Ermida

Esta quinta-feira, a presidente do conselho da administração da EGEAC não vai faltar ao Flâneur — Novas Narrativas Urbanas, uma exposição de fotografia contemporânea no Jardim do Príncipe Real. Durante alguns meses, a francesa Sonia Hamza e alemã Jens Masmann captaram aquilo que acreditam ser “o espírito de uma Lisboa contemporânea”. Além de se descobrir um pouco mais sobre a capital, a iniciativa pretende tornar-se um marco na ligação entre a fotografia e o espaço público.

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O público vai poder assistir a instalações de vídeo arte © João Fazenda

Já o Fuso — Festival Anual de Vídeo Arte Internacional de Lisboa vai na oitava edição e é uma das iniciativas que “não pode ficar de fora da agenda” de Joana Gomes Cardoso. Entre a Travessa do Ermida e o Palácio Pombal, vão ser exibidos vários vídeos, onde o processo artístico e o trabalho de autor são os pontos mais relevantes.

O Campo Grande é uma montra de cinema ao ar livre

No Museu de Lisboa, mais propriamente no Palácio Pimenta,, a presidente da EGEAC não vai perder uma sessão de cinema ao ar livre com a família. Na iniciativa “Cinecidade”, os filmes são de vários géneros e para as mais diversas gerações. O eleito de Joana Gomes Cardoso será E.T. O Extraterrestre de Steven Spielberg, projetado este domingo a partir 21h15. Se houver tempo livre, o clássico Verdes Anos de Paulo Rocha e Metrópolis de Fritz Lang também não ficam de fora das sugestões.

[O trailer de E.T. O Extraterrestre]

A Tapada das Necessidades com arte sonora

“Lisboa Soa — Festival de Arte Sonora” é uma das novidades da programação do “Lisboa na Rua”, e pretende mostrar os sons da cidade como nunca os ouvimos antes, além de revelar espaços urbanos como áreas de transformação acústica. Os artistas vêm de vários pontos do globo, com Akio Suzuki — performer japonês de 75 anos — a captar a atenção da presidente da EGEAC. O Jardim da Tapada das Necessidades será um dos sítios da programação para escutar sons de todo o mundo e de diferentes origens: seja o som ambiente do lugar ou os concertos, o silêncio não entra aqui.

Há uma rapsódia no Terreiro do Paço e folclore na Ribeira das Naus

A 3 de setembro, a Orquestra Gulbenkian dirigida pelo maestro francês Jean-Marc Burfin junta-se ao pianista Mário Laginha. Joana Gomes Cardoso refere que o concerto é “para toda a família” e que “a música erudita também tem lugar no ‘Lisboa na Rua'”. O repertório apresentado pode ir desde o jazz norte-americano aos cânones europeus da música clássica.

Mais tarde, o concerto a marcar na agenda, segundo a presidente da EGEAC, é o do trio de Pedro Jóia, a 23 de setembro. Habitualmente conotado com a guitarra portuguesa, Pedro Jóia vai reinventar a música tradicional ao som do acordeão e do baixo. “Promete ser um espetáculo dançante, por isso não posso faltar”, diz.

Passeios com escritores e sinfonias de Beethoven ao ar livre

A celebração dos 20 anos da EGEAC motivou o lançamento do Guia Ler e Ver Lisboa escrito por 20 autores portugueses. “Lisboa na Rua” reaviva essa escrita na vida real com passeios literários. Joana Gomes Cardoso ainda não avança datas ou o número de percursos na programação, mas garante que em pelo menos um, tem de estar presente.

Já a “Integral das Sinfonias de Beethoven” vai ser uma iniciativa de quatro dias consecutivos no Terreiro do Paço, onde a Orquestra Metropolitana de Lisboa assume o desafio de tocar a obra do famoso maestro. “Não há registo de que as sinfonias tenham sido tocadas alguma vez ao ar livre em Lisboa. A última vez que aconteceu foi em 1973 numa sala do Coliseu dos Recreios”, afirma a presidente da EGEAC.

“Lisboa na Rua” começa esta quinta-feira com um concerto inaugural no Jardim do Arco do Cego, a partir das 19h, e termina a 1 de outubro, no Dia Mundial da Música. Veja aqui a programação completa.