Maria Eugénia Pinto do Amaral, atriz portuguesa que ficou conhecida por protagonizar o filme A Menina da Rádio, morreu esta quinta-feira no Hospital de Santa Maria, em Lisboa. Tinha 89 anos. A notícia foi confirmada à Agência Lusa pelo filho da atriz, o poeta Fernando Pinto do Amaral.

Apesar de uma curta carreira no cinema, Maria Eugénia entrou em alguns dos filmes mais icónicos da década de 40 — a época de ouro do cinema português — contracenando com atores como António Silva e Milú. Ficou na memória dos portugueses como “a menina da rádio”.

Filha do músico Francisco José da Silva Branco e de Laura Augusta da Silva Rodrigues, Maria Eugénia Rodrigues Branco nasceu em Lisboa a 1 de abril de 1927. Estreou-se no cinema apenas com 17 anos, em A Menina da Rádio (1944), de Arthur Duarte. Contracenando ao lado de atores como António Silva e Maria Matos, interpretou o papel principal — o da jovem e doce Geninha, que tudo para vir a ser a próxima grande voz da rádio portuguesa.

https://www.youtube.com/watch?v=UZwoWq4sJwc

Seguiram-se participações em outros dois filmes de Arthur Duarte, um dos nomes maiores da chamada comédia populista portuguesa. Em 1946, entrou em O Hóspede do Quarto Treze, uma produção luso-espanhola onde interpretou o papel de uma jovem, filha de um banqueiro, que salva do suicídio um duque afundado em dívidas. Um ano depois, fez de Branca em O Leão da Estrela, uma das comédias de maior sucesso dos anos 40.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Fotogénica, a sua “naturalidade de desempenho”, como escreveu jornal O Século, chamou a atenção fora de Portugal. Em Espanha, entrou em filmes como Héroes del 95 (1947), de Raúl Alfonso, Quando os Anjos Dormem (1947) e Conflito Inesperado (1948), ambos de Ricardo Gascón. Fora do cinema, participou em algumas peças de teatro e em programas radiofónicos como cantora, nomeadamente no popular “Serão para trabalhadores”, transmitido na antiga Emissora Nacional.

Em Quando os Anjos Dormem e Conflito Inesperado, contracenou com o ator italiano Amedeo Nazzari, o que levou a que o realizador Vittorio de Sica a convidasse para ir filmar a Itália. Maria Eugénia recusou.

Apesar do sucesso que alcançou com A Menina da Rádio (a imprensa da altura chamou-lhe a “nova estrela do cinema”), a passagem de Maria Eugénia pelo cinema foi rápida. Abandonou a carreira de atriz ainda no final dos anos 40, depois de se casar com o médico António Pinho do Amaral. Depois da morte do marido, em 1977, o filho ainda pensou que Maria Eugénia, então com 50 anos, regressasse ao cinema. Porém, tal nunca chegou a acontecer.

O funeral de Maria Eugénia Pinto do Amaral deverá ocorrer “na sexta-feira ou sábado”, de acordo com Fernando Pinto do Amaral.