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O vídeo em que Kayla Mueller, morta pelo Estado Islâmico, pede ajuda

Este artigo tem mais de 5 anos

ABC News divulga um vídeo arrepiante da jovem de 26 anos que foi morta pelo Estado Islâmico. O vídeo, que foi enviado aos pais algumas semanas depois do sequestro, mostra a jovem a pedir ajuda.

A estação televisiva norte-americana ABC News divulgou na quinta-feira uma gravação inédita que o Estado Islâmico enviou, em 2013, aos pais de Kayla Mueller, a jovem que trabalhava numa associação humanitária na fronteira com a Síria e que foi raptada pela organização terrorista. O nome (e o rosto) de Kayla Mueller ficou na História do combate ao terrorismo e foi lamentada, na altura, por Barack Obama — que disse que a jovem representava “o melhor da América”. A carta comovente que Kayla escreveu à família, a partir do cativeiro, correu mundo e, agora, o vídeo mostra um pouco mais da situação que viveu.


ABC Breaking News | Latest News Videos

O meu nome é Kayla Mueller e preciso da vossa ajuda. Já estou aqui há demasiado tempo e tenho estado muito doente e estou num sítio aterrador“, diz Kayla com olhar fixo na câmara. Era um vídeo de “prova de vida”. Kayla tinha sido raptada pelo auto-proclamado Estado Islâmico no início de agosto de 2013. Passadas três semanas, a família recebeu este vídeo que só agora foi facultado à imprensa. A ABC News vai emitir uma reportagem especial esta sexta-feira, sobre este caso.

Os pais de Kayla participaram na reportagem — o pai diz que ficou em “estado catatónico” quando viu o vídeo e a mãe diz que ficou de coração partido mas também viu, nos olhos de Kayla, “a sua força”.

Jovem, comunicativa, recém-licenciada, muito religiosa, queria antes de tudo o mais ajudar os outros. Foi por isso que se mudou para a Turquia em 2012, onde trabalhava numa organização humanitária na fronteira com a Síria. O seu objetivo era ajudar as vítimas da violência da guerra civil neste país, acabou por ser raptada quando integrava uma equipa dos Médicos sem Fronteiras em Allepo.

Apesar da situação difícil e dos problemas de saúde, Kayla diz, a certa altura, no vídeo, segundo a ABC: “Mãe e Pai, continuo saudável. Aqueles que me têm em cativeiro estão a pedir a libertação da Dra. Aafia Siddiqui. Se isso não for possível, estão a exigir cinco milhões de euros em troca da minha libertação”. Aafia Siddiqui é uma neurocientista natural do Paquistão que foi condenada nos EUA por tentativa de homicídio e por ter alegadas ligações à Al Qaeda.

Dezoito meses depois de ser raptada, ou seja, bem depois do momento em que este novo vídeo foi filmado, Kayla escreveu uma carta à família — que transcrevemos abaixo. A jovem acabaria por ser morta no início de 2015.

A todos,

Se estão a ler esta carta é porque continuo detida mas os meus companheiros de cativo (a partir de 2 de novembro de 2014) já foram libertados. Pedi-lhes que vos contactassem e que vos entregassem esta carta.

É difícil saber o que dizer. Digo-vos que estou num local seguro, não fui maltratada e estou bem de saúde (na verdade, ganhei algum peso). Tenho sido tratada com grande respeito e gentileza.

Queria escrever-vos uma carta bem composta (mas não sabia se os meus colegas iriam ser libertados nos próximos dias ou nos próximos meses, o que limitou o meu tempo) pelo que apenas pude escrever a carta um parágrafo de cada vez. Só de pensar em vós causa-me um ataque de lágrimas.

Se se pudesse dizer que sofri, por pouco que seja, ao longo desta experiência, seria por ter noção do sofrimento que vos estou a causar a todos. Nunca irei pedir-vos que me perdoem, já que não mereço perdão.

Recordo-me da mãe a dizer-me, constantemente, que no final de tudo a única coisa com que podemos contar é Deus. Vim para este sítio, para ter esta experiência, e em todos os sentidos me entreguei ao nosso criador porque, literalmente, não havia mais ninguém. E, graças a Deus, graças às nossas orações, dei por mim a sentir-me em queda livre, porém gentilmente protegida.

Aprendi que na escuridão e na luz, até mesmo na prisão é possível ser-se livre. Sinto-me grata. Vim para aqui para descobrir que existe Bem em todas as situações, só temos, por vezes, de procurá-lo.

Rezo todos os dias e peço que também vocês tenham sentido uma certa aproximação e entrega a Deus. E que tenham formado um laço de amor e apoio entre vocês. Sinto a vossa falta como se já tivesse passado uma década de separação forçada.

Tenho tido muitas longas horas para pensar, para pensar em todas as coisas que vou fazer com o Lex, a primeira viagem da nossa família para acampar, o nosso primeiro encontro no aeroporto. Tenho tido muitas horas para pensar que só na vossa ausência, com 25 anos de idade, me apercebi qual é o vosso lugar na minha vida.

Cada um de vós é uma dádiva e não poderia ser a pessoa que sou se vocês não fizessem parte da minha vida, se não fossem a minha família, o meu apoio.

EU NÃO QUERO que as negociações para a minha libertação sejam uma responsabilidade vossa. Se houver qualquer outra opção, escolham-na, mesmo que leve mais tempo. Isto nunca se deveria ter tornado um fardo para vós.

Pedi a estas senhoras que vos ajudem [trecho rasurado]; por favor, procurem junto delas o seu aconselhamento, se já não o fizeram. Falem, também, com [trecho rasurado], já que poderá ter alguma experiência em lidar com estas pessoas.

Nenhum de nós poderia prever que isto iria durar tanto tempo mas saibam que, deste lado, também estou a lutar da forma que posso. E tenho ainda, dentro de mim, muita força para lutar.

Não estou a ir-me abaixo. E não irei desistir, dure isto quanto durar. Escrevi uma canção há alguns meses que dizia “A parte de mim que mais dói também é a parte de mim que me faz levantar da cama, sem a vossa esperança não restaria nada…”

Por outras palavras, pensar na vossa dor é a fonte da minha própria dor. E, ao mesmo tempo, a esperança de que um dia vos verei é a fonte da minha força.

Por favor, sejam pacientes, entreguem a vossa dor a Deus. Sei que vós iriam querer que eu mantivesse a força e é exatamente isso que estou a fazer. Não temam por mim, continuem a rezar, tal como eu continuarei a rezar para que, queira Deus, estaremos novamente juntos em breve.

Com todo o meu tudo, Kayla

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