Fabricante automóvel desde sempre marcado pela inovação e muito pouco pelo convencionalismo, a Citroën nunca deixou, ao longo de quase 100 anos de um percurso iniciado em 1919, de procurar novos caminhos e soluções.

A marca francesa não se limitou apenas e só a construir automóveis, tendo proposto uma série de outros veículos, muitos deles nada vulgares para um construtor que sempre foi especializado em carros. Além de modelos inovadores e, hoje em dia, icónicos, como é o caso do Traction Avant, vulgo arrastadeira, do 2CV, do Méhari e do Boca-de-Sapo, ou DS, da história da Citroën fazem igualmente parte veículos de transporte de massas, de trabalho e até para cruzar os céus!

Talvez alguns fãs da marca do double chevron o desconheçam, mas a Citroën chegou a fabricar, a partir dos finais dos anos 20 e até ao princípio dos anos 60, autocarros de passageiros. Verdade. E estes foram utilizados nas mais de 150 ligações que a Sociedade de Transportes Citroën, empresa criada em 1931, tinha a seu cargo.

Durante esse período, o Citroën U23 foi o autocarro mais famoso, oferecendo 20 lugares sentados e oito de pé. Este veículo, cuja carroçaria era responsabilidade das fábricas Besset, utilizava a mesma base do camião com a mesma designação e o mesmo motor de tracção com 11 cv de potência.

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Ainda durante a Segunda Grande Guerra, a Citroën produziu igualmente um tractor agrícola com quatro rodas motrizes e motor de 7 cv, a que deu o nome Type J. No entanto, este não foi o primeiro veículo de trabalho da marca francesa. Ainda antes disso, a marca do double chevron chegou a fabricar pequenos tractores agrícolas derivados do Type A, o primeiro automóvel Citroën produzido em série.

Do trabalho para uma incursão pelos circuitos do desporto automóvel foi um pulinho. A estreia deu-se em 1965, pela mão do engenheiro Maurice Emile Prezous, proprietário de um concessionário da marca, que decidiu construir um monolugar de corridas com base num dos modelos Citroën que vendia. Foi assim que nasceu a primeira versão de um carro de competição, o MEP X1, que na sua primeira evolução, o MEP X2, conseguia alcançar a estonteante velocidade máxima de 190 km/h.

A marca decidiu envolver-se directamente no projecto anos depois, em 1971, criando o MEP X27, que recorria ao motor e à caixa de velocidades do Citroën GS e que já alcançava os 200 km/h. Chegaram a ser produzidas 80 unidades deste modelo, que participaram em provas automobilísticas até 1975.

O percurso quase centenário da marca francesa também passa pelos ares, já que a Citroën ousou arriscar a construção de um helicóptero. Chamava-se RE 210 o bilugar com a potência, a qualidade e o conforto dos automóveis Citroën, mas que, ao invés de quatro rodas para rodar no alcatrão, possuía uma hélice para voar pelos céus. Esta criação, cujo voo de estreia aconteceu em 1975, está fora de circulação, mas continua em perfeito estado de conservação, podendo ser vista no Conservatório Citroën, em França.