“Onde estão todos aqueles que diziam que nós gastávamos pouco em investimento público? Onde estão essas vozes?” A pergunta foi lançada por Pedro Passos Coelho, durante um jantar de homenagem a ex-autarcas do PSD, realizado este sábado em Paços de Ferreira. O líder social-democrata defendeu que, quando estava no poder, gastou mais em investimento público do que o atual Governo.

O líder social-democrata criticou uma alegada incoerência do governo de António Costa — apoiado pelo BE e pelo PCP — face aos gastos no investimento público. Fê-lo com base em informações divulgadas esta semana relativas à execução orçamental:

Quando comparado com há um ano, o atual Governo está a gastar menos quase 230 milhões de euros em investimento público“, afirmou, questionando em seguida onde estavam “as vozes” que antes “se incomodavam por o Estado gastar tão pouco” em termos de investimento.

Para sublinhar as diferenças com a esquerda, Pedro Passos Coelho recordou que, quando desempenhou funções governativas, “mesmo em condições de exceção, quem estava na oposição dizia que tinha um modelo muito diferente de governar e outras soluções para os problemas”. Recordou que “uma das coisas que era muito criticada era a falta de despesa pública, de investimento”. O ex-primeiro-ministro acusou a antiga oposição ao seu Executivo de dizer que, “para acertar as contas do défice, o Governo sujeitava o país às consequências negativas da falta de investimento publico” e que, para a esquerda, “o investimento público era indispensável”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Passos Coelho ironizou dizendo que, “com o PCP, o Bloco de Esquerda e com o PS, tudo seria diferente” e que “não haveria problemas com o défice pois o investimento público ia ser realizado e era o ponto de viragem para que o Estado assumisse as suas responsabilidades”.

O líder do PSD apressou-se a dar o exemplo da empreitada do troço IC35, entre Penafiel e Entre-os-Rios. “Nós conseguimos lançar o concurso para adjudicar a primeira empreitada dessa obra e, passado um ano, essa obra que era importante não pode ser feita. O atual Governo cancelou-a sabem porquê? Porque não tem o dinheiro de que precisa para que as contas batam certo no défice”, acusou o líder social-democrata. “Em tempos de fartura não houve dinheiro para resolver o problema do IC35”, concluiu.

O social-democrata acentuou este discurso por saber que eventualmente o tema pode causar alguma fricção dentro da chamada “geringonça”. Em meados de julho, João Oliveira, líder parlamentar do PCP avisou, em entrevista à Antena 1, que o Orçamento de Estado para 2017 tinha de passar pela aposta no investimento público, para a economia crescer.