O presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), Miguel Frasquilho, desafiou nesta terça-feira os empresários portugueses e moçambicanos a estabelecerem parcerias, e defendeu que a relação económica entre os dois países está longe de esgotada. “Gostaria de deixar um repto aos empresários portugueses e moçambicanos: aproveitem as oportunidades em ambos os países, promovam parcerias, colaborem na partilha de conhecimento, experiência e formação, incentivem o intercâmbio de quadros técnicos, trabalhem juntos”, declarou Miguel Frasquilho, discursando no Dia de Portugal na Feira Internacional de Maputo (Facim).

Perante empresários portugueses e moçambicanos no pavilhão de Portugal, o maior da Facim, o presidente da AICEP reiterou o interesse no aprofundamento do relacionamento económico e comercial com Moçambique, num “caminho longe de estar esgotado”. Miguel Frasquilho destacou a presença de 31 expositores no pavilhão de Portugal, um número abaixo dos anos anteriores, mas que mantém “um claro sinal de que o relacionamento económico entre Portugal e Moçambique é muito relevante”.

A crise que Moçambique atravessa levou a uma queda do investimento português de 80% no primeiro semestre, comparando com os primeiros seis meses de 2015, e a uma descida das exportações de 33% no mesmo período. Esperando que a descida daqueles indicadores seja “conjuntural e rapidamente ultrapassada, o presidente da AICEP preferiu focar-se nos valores do comércio de bens e serviços entre os dois países até 2015, quando atingiram quase 700 milhões de euros contra os 384 milhões em 2011, “números impressionantes” que representam uma subida de quase 80%.

Apesar da crise em Moçambique, Frasquilho insistiu na forte presença que se mantém neste mercado e assinalou não ser “surpreendente que em quase todos os setores de atividade de Moçambique haja uma empresa portuguesa de referência”. No sentido inverso, desafiou igualmente os empresários moçambicanos a investirem em Portugal e no seu ‘know how’ e porta de entrada para a União Europeia e para América Latina, tal como os portugueses podem expandir os seus negócios noutras frentes da África Austral. Moçambique possui “uma localização estratégica, em que é uma plataforma de entrada para a SADC [Comunidade de Desenvolvimento da África Austral], que agrega mais de 280 milhões de consumidores”, assinalou.

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Para o Dia de Portugal, estava prevista a presença do ministro da Economia, que se encontra no segundo dia de uma visita de três dias a Moçambique. Manuel Caldeira Cabral passou o dia na cidade da Beira, centro do país, onde visitou um projeto de investimento da Galp e contactou com empresários portugueses na segunda maior cidade moçambicana, tendo o seu programa sido alterado devido ao atraso na ligação aérea de regresso a Maputo. O pavilhão de Portugal é este ano organizado pela primeira vez pela Fundação AIP, com a colaboração da AICEP.

Falando igualmente na cerimónia do Dia de Portugal, Jorge Oliveira, diretor da área Feiras, Congressos e Eventos na Fundação AIP, referiu que este encontro está em linha com um conjunto de iniciativas que a instituição já desenvolve em Moçambique, como a Tektonica – Feira Internacional de Construção e Obras Públicas, e espera que, com o apoio dos dois governos, possam vir a ser anunciados mais eventos. “A nossa aposta em Moçambique é claríssima”, afirmou, apesar da crise que se vive no país, acrescentando que “a Fundação AIP tem uma matriz de apoio em primeira linha para os mercados da CPLP”, “Não é pelas circunstâncias estarem um pouco melhores ou piores que vamos deixar de trabalhar este mercado e de apoiar as empresas portuguesas e a sua relação com as empresas moçambicanas”, declarou.

A Facim decorre até 4 de setembro em Marracuene, nos arredores de Maputo, com a presença prevista de 2.250 empresas moçambicanas e 630 estrangeiras, provenientes de 33 países.