Bruxelas vai continuar a negociar com os Estados Unidos o tratado transatlântico de livre comércio (TTIP ou Tafta), uma vez que o mandato da Comissão Europeia para o fazer continua plenamente válido, disse, este domingo, o seu presidente, Jean-Claude Juncker.

“Dado o mandato” que os estados-membros da União Europeia concederam à Comissão, “vamos continuar a negociar com os Estados Unidos” esse tratado “com efeitos positivos para a economia e emprego”, disse, apesar da contestação recentemente manifestada no seio dos governos francês e alemão.

“Após o último Conselho Europeu, em junho, questionei os chefes de Estado e de governo (dos países membros) se pretendiam continuar as negociações. A resposta foi um ´sim´ unânime”, disse Juncker irritado.

Para o responsável europeu, nada mudou e “não há nada de novo debaixo do sol”, acrescentou, em latim.

No entanto, a contestação parece ter-se intensificado entre os governos europeus, devido a uma viva hostilidade da opinião pública e em plena ascensão de medidas protecionistas através do globo.

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No domingo passado, o ministro social-democrata alemão da Economia, Sigmar Gabriel, admitiu que as discussões iniciadas falharam e que os europeus não devem ceder às exigências dos EUA. A chanceler conservadora Angela Merkel continua, no entanto, a defender o projeto.

Em França, o secretário de Estado do Comércio Externo, Matthias Felkl, indicou, por seu lado, que o seu país solicitará este mês à Comissão, durante uma reunião de ministros europeus do Comércio, a paragem das negociações.

O Presidente François Hollande ainda não se mostrou categórico, mas disse na terça-feira que França não vai “alimentar a ilusão” de um acordo “antes do fim do ano” e do fim do mandato de Barack Obama na Casa Branca.

Negociado desde meados de 2003 por Washington e a Comissão Europeia, o acordo TTIP (Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento, também conhecido pelo acrónimo Tafta) visa suprimir as barreiras comerciais e regulamentares do outro lado do Atlântico.

O objetivo é criar a maior zona de livre comércio no mundo para impulsionar a atividade económica.

“Vamos continuar a negociar, enquanto pensarmos que este acordo de livre comércio é da maior importância para dinamizar a atividade económica e para lutar contra o desemprego, insistiu Jean-Claude Juncker.