Os investigadores dos atentados de Paris e da rede de terroristas envolvida acreditam que havia mais ataques a serem preparados, tanto na capital francesa como noutras partes da Europa, entre estas a Holanda. Segundo a CNN, que teve acesso a 90 mil páginas de documentos da investigação, estes ataques que nunca chegaram a acontecer poderiam ter sido levados a cabo por três terroristas que entraram na Europa pela Grécia, fazendo passar-se por refugiados.

Segundo a CNN, o argelino Adel Haddadi e o paquistanês Muhammad Usman viajaram juntos desde a Síria até à Grécia juntamente com Ahmad al Mohammad e Mohamad al-Mahmod — estes dois últimos conseguiram avançar e, a 13 de novembro, foram os responsáveis pelas explosões no Stade de France, onde decorria um jogo particular entre as seleções francesa e alemã.

Porém, Adel Haddadi e Muhammad Usman foram detidos na Grécia por uso de passaporte sírio falso. Assim, foram impedidos de avançar durante quase um mês — uma interrupção que poderá ter sido vital para não terem levado a cabo nenhum ataque em França ou noutros locais da Europa. De acordo com a CNN, os documentos da investigação referem que Adel Haddadi esteve em contacto com um técnico de um dos centros de pesquisa nuclear mais importantes da Europa, que foi colocado sob vigilância pelas autoridades francesas.

A partir da Síria, os quatro jihadistas eram coordenados por um homem que a CNN identifica como Abu Ahmad. “Ele é essencial no envio desses indivíduos, pelo menos os estrangeiros, para os ataques de Paris”, disse Jean-Charles Brisard, presidente e diretor do Centro de Análise do Terrorismo francês. Era Abu Ahmad quem dava as instruções aos jihadistas — sempre a curto-prazo, de maneira a que eles não soubessem exatamente ao que iam —, ao mesmo tempo que lhes fazia transferências de dinheiro. O Telegram, uma aplicação para smartphone utilizada para troca de mensagens encriptadas, era o meio de eleição para comunicarem.

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A 14 de novembro, um dia depois dos ataques de Paris Adel Haddadi e Muhammad Usman pediram asilo em Salzburgo, na Áustria, e ficaram num centro de acolhimento para refugiados.

O terceiro elemento e as detenções

Mais tarde, no dia 10 de dezembro, um outro elemento juntou-se aos dois: Abid Tabaouni. Este era um nome até agora desconhecido do público, circulando apenas entre a investigação dos atentados terroristas. De acordo com a CNN, Adel Haddadi e Muhammad Usman estavam à sua espera para executarem mais ataques. Por fim, Abid Tabaouni juntou-se aos outros dois jihadistas no centro de acolhimento para refugiados, em Salzburgo.

No dia 10 de dezembro, aquele local foi alvo de uma rusga da qual resultaram algumas detenções, entre elas as de Adel Haddadi e Muhammad Usman. Já Abid Tabaouni conseguiu escapar, mas deixou para trás o telemóvel. Mas, segundo a CNN, este terceiro elemento também já foi detido. Foi apanhado na Bélgica no mês de julho e será extraditado para a Áustria “em breve”.