Kubo e as Duas Cordas

É com a chancela da produtora independente Laika Entertainment, responsável por filmes animados como “Coraline e a Porta Secreta”, “ParaNorman” e “Os Monstros das Caixas”, que nos chega esta nova longa-metragem de animação, que já está a ser comparada com as melhores da Pixar, e considerada uma das melhores do ano. Realizado em estreia pelo animador Travis Knight, e combinando a animação de volumes imagem a imagem que é a marca da Laika com a tecnologia 3D, “Kubo e as Duas Cordas” passa-se num Japão fantástico onde a magia existe e funciona, e conta a história de Kubo, um rapazinho com poderes mágicos e um só olho, que vive com a mãe doente e é um mestre na arte tradicional do “origami” — as figuras em papel — e a contar histórias. Ameaçado por entidades malignas, Kubo vai ter que deixar a sua aldeia e, acompanhado por dois parceiros, Macaco e Besouro, lançar-se numa demanda por um capacete, uma espada e uma armadura que lhe permitirão enfrentar o temível Rei da Lua e descobrir o mistério que envolve a sua família. Com as vozes de Art Parkinson (de “A Guerra dos Tronos”), Charlize Theron, Matthew McConaughey, Rooney Mara, Ralph Fiennes e George Takei.

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“Nem Respires”

Autor de um “remake” descartável de “A Noite dos Mortos-Vivos”, de Sam Raimi, o uruguaio Fede Alvarez assina agora um filme do subgénero “inversão da ameaça”, onde aqueles que parecem ser os predadores acabam por se transformar nas vítimas (pensem em “Sala de Pánico”, de David Fincher, ou no menos conhecido francês “Livide”, de Alexandre Bustillo e Julien Maury). Em “Nem Respires”, que abriu o MOTELX esta semana, um trio de jovens e muito pouco experientes assaltantes de Detroit, planeia entrar na velha casa de um ex-soldado cego cego (Stephen Lang), veterano da da Guerra do Golfo, situada numa zona degradada da cidade, e que terá escondida algures uma gorda quantia. Uma vez lá dentro, o trio descobre que o dono da casa não é tão indefeso como eles julgavam, que tem meios de defesa insuspeitos contra intrusos, e esconde segredos que eles nem imaginavam. Embora não inovando particularmente, Alvarez mostra que conhece a mecânica visual e sonora de funcionamento deste tipo de filmes, garantindo ao espectador uma afinada hora e meia de nervoso miudinho, surpresas e sobressaltos. E que o deixará de pé atrás sempre que voltar a ver um ceguinho.

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“Milagre no Rio Hudson”

No seu novo filme, “Milagre no Rio Hudson”, Clint Eastwood apresenta um herói de carne e osso cuja proeza uniu os americanos em vez de os dividir e pôr uns contra os outros, e os fez ficarem orgulhosos em vez de envergonhados. É ele o Comandante Chesley “Sully” Sullenberger (Tom Hanks), que na manhã do dia 15 de janeiro de 2009, conseguiu pousar o Airbus de passageiros que pilotava nas águas do rio Hudson, depois de, ao decolar, um bando de pássaros ter colidido com o avião, inutilizado os seus dois motores e impedido Sully e o seu co-piloto, Jeff Skiles (Aaron Eckhart) de voltarem ao Aeroporto de La Guardia, de onde tinham partido, ou de aterrarem noutro aeroporto nas redondezas. Além de ter salvo os 154 passageiros e tripulantes do seu voo, Sully salvou muitas outras vidas, ao evitar que o avião da United Airways se despenhasse na zona metropolitana de Nova Iorque. Em vez de pôr em cena super-heróis ou anti-heróis, Eastwood celebra, na pessoa de Sully, a excecionalidade e a bravura de um homem arrancado ao quotidiano, que não podia ser personificado senão por Tom Hanks. “Milagre no Rio Hudson” foi escolhido como filme da semana pelo Observador, e pode ler a crítica aqui.