O juiz Carlos Alexandre pediu ao Ministério da Justiça que fosse montado no seu tribunal — o Tribunal Central de Investigação Criminal (TCIC) — um sistema de gravação vídeo para poder registar todos os depoimentos de arguidos, testemunhas e, até, de peritos.

A informação é avançada nesta edição de sábado pelo próprio magistrado ao jornal Expresso, que publicará em breve uma entrevista com o juiz Carlos Alexandre. Recorde-se que já esta quinta-feira o conhecido super juiz, conhecido pela sua discrição e por raramente dar entrevista, deu uma entrevista à SIC.

Carlos Alexandre afirma que o objetivo destas gravações é que os interrogados não se sintam intimidados e que não seja levantada qualquer “suspeição” relativamente à forma como é conduzido o interrogatório. Por enquanto, o Ministério da Justiça aceitou testar durante três meses um sistema de uma empresa americana, mas o magistrado defende que o recurso ao vídeo se alargue a todos os órgãos da justiça, além dos tribunais, também às polícias.

O sistema começará a ser usada já a partir desta segunda-feira, na instrução da “Operação Furacão” para analisar pedidos de suspensão provisória interpostos pelos arguidos. Este sistema já foi usado pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal, em 2015, no interrogatório ao ex-governante Miguel Macedo, no âmbito da investigação aos Vistos Gold. A gravação acabou por cair nas mãos de jornalistas e ser divulgada pela CMTV.

O juiz Carlos Alexandre é um dos dois únicos juízes do TCIC de Lisboa, por onde têm passado grandes processos de corrupção e de crimes económicos, entre eles a “Operação Marquês”, em que o antigo primeiro-ministro José Sócrates é o principal arguido.

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