A polémica em torno da ida de Barroso para o Goldman Sachs continua. O antigo primeiro-ministro português e ex-Presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, já respondeu ao seu sucessor, Jean-Claude Juncker, e acusa Bruxelas de estar a ser “discriminatória” e “inconsistente”, numa carta a que o Financial Times teve acesso.

“Tem sido entendido que o mero facto de estar a trabalhar para o Goldman Sachs levanta questões de integridade”, começa por escrever Durão Barroso. “Embora respeite que todos têm direito à sua opinião, as regras são claras e devem ser respeitadas. Estas alegações são infundadas. São discriminatórios para mim e para o Goldman Sachs”, acrescenta o ex-primeiro-ministro português, respondendo, desta forma, a Juncker, que pediu à comissão de ética da Comissão Europeia para examinar, de novo, o contrato de Barroso com o Goldman Sachs.

“Não só estas ações são discriminatórias como parecem ser inconsistentes com decisões já tomadas em relação a outros ex-membros da Comissão”, reitera Barroso na missiva. Um exemplo recente é o de Neelie Kroes, antiga comissária da concorrência que supervisionou a política digital, e que foi assessorar a Uber.

Jean-Claude Juncker, que sucedeu a Barroso na presidência da Comissão Europeia, já deu orientações para o ex-primeiro-ministro português perder “privilégios de passadeira vermelha” e ser tratado como lobista. A notícia foi avançada, no fim de semana, pelo Financial Times, que, citando uma carta escrita por Juncker, escreveu que Barroso passaria a ser recebido em Bruxelas “não como antigo presidente, mas como representante de um interesse e será sujeito às mesmas regras”. O FT dizia ainda que Juncker ia pedir novo parecer à comissão de ética da Comissão Europeia sobre o eventual conflito de interesses. Uma decisão que já mereceu, de resto, o apoio, por exemplo, do presidente francês, François Hollande.

Entretanto têm-se multiplicado outras manifestações públicas de repúdio em relação à ida de Barroso para o Goldman Sachs e a petição lançada a 11 de julho — “Em nosso nome, não!” –, que estará em curso até ao fim de setembro, para que o ex-presidente da Comissão perca privilégios tais como a pensão, conta já com 140 mil assinaturas. O objetivo dos criadores é chegarem às 150 mil.

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