A Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho revelou esta quarta-feira que os cerca de 20 incêndios que fustigaram a região durante dez dias, em agosto, consumiram 25.633 hectares de floresta, “a maior área ardida dos últimos três anos”.

Em comunicado, aquela estrutura, que congrega os dez concelhos do distrito de Viana do Castelo, adiantou que aqueles fogos florestais consumiram “12% da floresta existente no território do Alto Minho”.

Segundo os dados preliminares já enviados ao Governo, os incêndios que afetaram a região, em agosto, “consumiram cerca de 4.500 hectares do Parque Nacional da Peneda Gerês (PNPG), cerca de 14% da área total” daquele parque, classificado como Reserva Mundial da Biosfera desde 2009.

Já na área protegida de Corno de Bico, em Paredes de Coura, arderam 157 hectares.

“Face a estes dados preliminares, e quando comparados com as estatísticas anuais disponibilizadas pelo Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), a área ardida no Alto Minho (…) é a maior dos últimos três anos”, sustentou a CIM do Alto Minho.

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Aquela associação de municípios acrescentou que a área ardida este ano “é superior ao total da área ardida registada em 2010 (segundo pior dos últimos 15 anos) e pouco inferior à de 2005, o pior ano de que há registo no território”.

Os dez autarcas da região defendem que, face “aos valores muito elevados de área ardida, devem ser “tomadas medidas de emergência ao nível da estabilização e reabilitação, da erosão de solos, movimentos de massas e vertentes, cheias e inundações e invasões biológicas por espécies lenhosas cuja regeneração é favorecida pelo fogo”.

A CIM do Alto Minho adiantou “ter já apresentado ao Governo um Programa de Ação Integrado para o Desenvolvimento Florestal do Alto Minho, a implementar até 2020”, bem como “diversas medidas de curto prazo orientadas para estabilizar e minimizar o atual cenário de calamidade ambiental”, a candidatar ao Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR) e ao Programa de Desenvolvimento Rural (PDR) 2020.

“Os autarcas do Alto Minho não reclamam o que é preciso para a floresta, mas, antes de mais, que precisam da floresta para garantir as condições básicas para o desenvolvimento e coesão territorial suportada numa lógica de reforço das condições naturais de resiliência do território”, sustentou a CIM em comunicado.

De acordo como dados revelados pela CIM, que integra os concelhos de Arcos de Valdevez, Caminha, Melgaço, Monção, Paredes de Coura, Ponte da Barca, Ponte de Lima, Valença, Viana do Castelo e Vila Nova de Cerveira, “mais de 50% do território está classificado como área natural ou seminatural e mais de 60% como espaços florestais, dos quais 44% são não arborizados”.

O setor florestal “assume uma elevada importância no território, dado que 10% do volume de negócios anual na região Norte (Indústria Madeira e Mobiliário [4%] e Industria Pasta de papel e Cartão [79%]), advém das atividades desenvolvidas no Alto Minho”, adiantou.