A OPA (oferta pública de aquisição) do espanhol Caixabank sobre o BPI “vai mesmo avançar”, anunciou numa entrevista o administrador da ‘holding’ Violas Ferreira, explicando que o Grupo Violas vai deixar o BPI “seguir o seu caminho, para as mãos dos espanhóis”.

Numa entrevista à Antena 1 e ao Negócios, o administrador da holding Violas Ferreira, Tiago Violas Ferreira, considerou que a OPA (Oferta Pública de Aquisição) do Caixabank sobre o BPI “é inevitável”.

O grupo Violas, incapaz de continuar a resistir na justiça e na procura de apoios, deita a toalha ao chão e deixa o banco seguir o seu caminho, para as mãos dos espanhóis, evitando assim ser um entrave às exigências do BCE e às pretensões da maioria dos acionistas, precisou Tiago Violas Ferreira.

O Grupo Violas é o maior acionista português do BPI, com uma participação de 2,7% do capital.

Na entrevista, Tiago Violas Ferreira considerou que chegou a altura de pôr fim às divergências, lembrando que a luta que a família travou teve apenas por objetivo manter o projeto inicial do banco, com uma estrutura acionista plural e evitar que o seu centro de decisão passasse para Espanha, como vai acontecer.

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Apesar de ter apenas 2,7% do capital, Tiago Violas Ferreira confessa que “acreditava sinceramente” que fosse possível conseguir o apoio de outros e manter o banco independente, e afirmou que se sente “desiludido”.

O maior acionista português adiantou que não tendo sido possível evitar a OPA, resta ao grupo português afastar-se porque não pretende ficar “refém de uma sucursal do Caixabank em Portugal”.

Em relação ao preço da OPA do Caixabank, Tiago Violas Ferreira adiantou que este não foi o “driver” das ações do grupo e admitiu que o preço 1,11 euros por ação é suficiente mas não é justo porque não considera a operação em Angola.

O responsável do grupo Violas referiu ainda que espera que a CMVM (Comissão de Mercados de Valores Mobiliários) peça uma auditoria para definir o real valor das ações do BPI considerando a operação doméstica e a angolana.

Com a OPA do Caixabank e olhando para o resto do mercado, Tiago Violas Ferreira lembrou que a banca privada nacional vai ficar nas mãos de capital estrangeiro, ou seja, 60% dos centros de decisão passam para o estrangeiro, comprometendo a economia nacional.

Neste cenário, segundo Tiago Violas Ferreira, resta a CGD, que, sendo um banco público, não serve o mérito dos projetos.

A Oferta Pública de Aquisição (OPA) do Caixabank sobre o BPI, com um preço de 1,113 euros por ação, foi lançada pelo banco catalão na sequência do fracasso de negociações com a empresária angolana Isabel dos Santos.

A OPA do CaixaBank está condicionada à eliminação do limite de direitos de votos no BPI e à aquisição de mais de 50% do capital.