A restauração já representa entre 25 a 40% das receitas dos hotéis, mas o setor aposta forte no crescimento, abrindo a porta ao exterior para cativar os residentes das cidades. Quem o diz é a presidente executiva da Associação da Hotelaria de Portugal (AHT), a propósito da “Pineapple Week-Hotel à Mesa”, uma iniciativa que pretende dinamizar a restauração inserida em hotéis, com menus especiais, e que envolve cerca de três dezenas de hotéis da Grande Lisboa.

Segundo Cristina Siza Vieira, o peso do segmento “Food & Beverage” (F&B), que integra os consumos dos clientes dos hotéis em bares, restaurantes ou serviço de quartos, é muito variável, de acordo com o tipo de hotel e a localização, oscilando entre 25 e 40%.

Por exemplo, nos ‘resorts’ muito assentes em pacotes de férias “tudo incluído” o peso do F&B pode chegar aos 40%, tal como em alguns hotéis do interior do país que começaram por ser reconhecidos pela mesa, como é o caso das Pousadas de Portugal que tinham na gastronomia regional “um dos seus eixos fundamentais”.

Já em zonas essencialmente urbanas, como em Lisboa e Porto, os hotéis têm de enfrentar a concorrência e apostar numa oferta “muito diferenciadora”, pelo que o peso da restauração tende a ser mais baixo.

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“Na cidade é mais difícil a restauração de hotelaria”, admite a responsável da AHT, sublinhando que é preciso contrariar “um certo tabu” contra os restaurantes de hotéis.

No entanto, o paradigma está a mudar. Muitos restaurantes de hotéis contam agora com ‘chefs’ conhecidos, têm uma identidade própria e “cada vez mais a porta aberta para a rua”, tornando-se mais convidativos para os clientes exteriores que deixam de ter de atravessar o hotel para aceder ao restaurante.

Por outro lado, a concorrência é cada vez maior. “Na Baixa de Lisboa, abriram 200 restaurantes desde o início do ano, alguns deles em hotéis” indicou Cristina Siza Vieira, sublinhando que a restauração de hotelaria “mais do que resistir à concorrência, tem sabido afirmar-se perante os seus concorrentes”.

As estratégias comerciais passam pela criação de menus executivos para atrair clientes à hora de almoço, diferenciação a nível da qualidade e do serviço e horários de refeições alargados, assentes numa experiência gastronómica ‘trendy’, adiantou a mesma responsável.

O objetivo é que o cliente passe a encarar o local como “um bom restaurante que é localizado num hotel e não como um restaurante de hotel”.

Em termos relativos, o peso do “F&B” não aumentou, mas em termos absolutos tem acompanhado o ‘boom’ turístico dos últimos anos, com um crescimento significativo a nível das receitas.

Cristina Siza Vieira acredita que há espaço para “alavancar” este potencial e os primeiros passos vão ser dados com a “Pineapple Week”. “O objetivo é ver como funciona esta experiência promocional para abrir a hotelaria à cidade e aos residentes e passar a ideia de que os hotéis não são só para turistas”, afirmou.

A “Pineapple Week”, que foi buscar o nome ao Ananás, um símbolo internacional de hospitalidade, decorre de 29 de setembro a 9 de outubro em hotéis de Lisboa, Oeiras, Cascais, Sintra e Mafra, que vão disponibilizar menus a preço fixo.