A percentagem de jovens portugueses de 16 anos que já consumiram tabaco, álcool e drogas diminuiu, segundo dados do SICAD (Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências) apresentados esta terça-feira. Os dados resultam de um inquérito europeu, realizado em 2015 em 35 países, no qual participaram 96.043 alunos de 16 anos, incluindo 3.456 portugueses. O estudo analisou as respostas dos jovens de 16 anos sobre consumo de tabaco, álcool, drogas e outros comportamentos aditivos.
Tabaco
A percentagem de jovens que já experimentaram tabaco diminuiu, e mantém-se bem abaixo da média europeia. De acordo com os resultados do inquérito, 37% dos jovens portugueses de 16 anos já experimentaram tabaco. A média europeia é de 47%. Em relação à frequência, 19% declararam ter consumido no último mês e 9% assumiram consumir diariamente. 24% dos jovens portugueses começaram a fumar aos 13 anos ou antes.
Álcool
No que toca ao álcool, 71% dos jovens portugueses admitiram já ter experimentado (a média europeia está acima, nos 81%). Em Portugal, 66% declararam ter consumido álcool no último ano, e 42% no último mês. Em relação ao consumo excessivo, os números são mais baixos. 22% assumiram ter-se embriagado nos últimos 12 meses, e 9% no último mês. Trata-se também, em todos os valores, de uma diminuição em relação ao último inquérito, de 2011.
Drogas
No que toca ao consumo de drogas ilícitas, o estudo refere que a percentagem está a estabilizar. Em Portugal, 16% dos alunos de 16 anos já experimentaram algum tipo de droga, uma descida de dois pontos percentuais relativamente a 2011. A mais experimentada continua a ser a canábis, com 15% dos estudantes a já terem experimentado. Relativamente a outro tipo de drogas, apenas 4% assumiram ter usado. Outro fator relevante: 31% dos jovens portugueses desta idade consideram que é fácil ou muito fácil ter acesso a drogas ilícitas. Também nos números referentes ao consumo de drogas Portugal se situa abaixo da média europeia.
Jovens portugueses são dos que mais consomem tranquilizantes com receita médica
O estudo reflete ainda outros comportamentos aditivos, como o consumo de medicamentos (com e sem receita médica). Em Portugal, 5% dos jovens de 16 anos consomem medicamentos sem receita médica, e 13% com receita médica. A tendência verifica-se sobretudo no sexo feminino. Neste aspeto, Portugal só fica atrás da Letónia, sendo o segundo da Europa com mais consumo de tranquilizantes e sedativos com receita médica.
Em relação ao jogo, 20% dos alunos de 16 anos portugueses assumem jogar online, uma atividade que é predominantemente masculina. Já em relação ao jogo a dinheiro, 6% dos jovens portugueses admitem esta prática.
Os números relativos a Portugal estão, na maioria dos indicadores, abaixo da média europeia, explica a equipa coordenadora do estudo. O nível mais preocupante é o da utilização de tranquilizantes e/ou sedativos com receita médica, que apresenta valores muito elevados. Já em relação às médias europeias, que baixaram desde o último inquérito, em 2011, os coordenadores do estudo explicam que a entrada de países com valores mais baixos na União Europeia, desde há quatro anos, motivou a diminuição dos números, no geral.
Para os coordenadores do estudo em Portugal, é necessário “continuar a investir na prevenção dos consumos entre os adolescentes”, de forma a “promover pelo menos a redução da frequência desses consumos até que se consiga atingir níveis residuais”. E alertam ainda para a importância da “monitorização dos ‘outros comportamentos aditivos’, que, num futuro próximo, poderão vir a constituir um problema”.