Seis meses depois dos atentados de Bruxelas, as autoridades continuam à procura de Oussama Atar, um belga de origem marroquina que fontes judiciais citadas pela imprensa admitem ser o “cérebro” dos ataques.

Atar, 32 anos, é qualificado por várias fontes policiais e judiciais como “um dos terroristas mais perigosos da Europa”, dados os “muito fortes” indícios do seu envolvimento nos atentados que a 22 de março fizeram 32 mortos e 340 feridos no aeroporto de Zaventem e na estação de metro de Maalbeek.

Oussama Atar é primo dos irmãos Ibrahim e Khalid El Bakraoui, que se fizeram explodir no aeroporto e na estação de metro da capital belga.

É também irmão de Yassine Atar, detido cinco dias depois como suspeito de preparar um atentado contra a “Marcha contra o medo”, anulada por essa razão, primo de Jawad Benhattal e sobrinho de Moustapha Benhattal, detidos a 18 de junho por suspeita de prepararem um ataque durante o jogo Bélgica-Irlanda do campeonato europeu de futebol.

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Mas Atar era conhecido da polícia desde 2012, quando regressou à Bélgica depois de quase nove anos de prisão no Iraque, onde foi detido por cruzar ilegalmente a fronteira com a Síria e condenado a 10 anos de prisão.

A libertação antecipada foi possível depois de a família, preocupada com o seu estado de saúde e as condições da detenção, organizar uma manifestação em Bruxelas e pedir o apoio do governo belga, que assegurou acompanhar o assunto com atenção.

No Iraque, Atar passou nomeadamente por Camp Bucca, a prisão norte-americana considerada o “berço” do grupo extremista Estado Islâmico, onde conheceu Abu Bakr al-Baghdadi, o líder do grupo ‘jihadista’.

As autoridades admitem que esteja escondido na Bélgica, apesar de Atar ter alegadamente regressado à Síria em 2013 e de, em junho, segundo a imprensa francesa, os serviços de informações de França terem sido alertados de que Atar, “um combatente estrangeiro perigoso e armado”, podia estar a tentar chegar a França através da Albânia.

No dia seguinte aos atentados de Bruxelas, a polícia fez buscas na sua residência, sem o encontrar. Desde então, as autoridades fizeram mais três buscas naquele local e no apartamento onde residem a mãe e uma irmã, a mais recente das quais a 13 de setembro, mas sempre sem sucesso.

Os atentados de 22 de março foram perpetrados materialmente por cinco homens, três dos quais morreram no momento e dois outros que estão detidos, segundo a investigação ainda em curso.

Às 07:58 de 22 de março de 2016, Najim Laachraoui, Ibrahim El-Bakraoui e Mohamed Abrini entraram no aeroporto de Zaventem disfarçados de passageiros comuns, com explosivos nas malas que transportavam em carrinhos de bagagem.

El-Bakraoui foi o primeiro a detonar a bomba. Segundo testemunhas, Laachraoui tentou correr por entre a multidão em fuga, mas a mala caiu do carrinho e explodiu prematuramente. Abrini fugiu, deixando para trás a mala armadilhada, desativada horas mais tarde pela polícia.

Às 09:11, Khalid El-Bakraoui, irmão de Ibrahim, fez-se explodir na estação de metro de Maalbeek.

Mohamed Abrini, o “homem do chápeu”, foi detido a 8 de abril, juntamente com Osama Krayem, ou Naim Al Hamed, que terá sido o segundo homem em Maalbeek.

Hervé B.M. e Bilal El Makhoukhi, suspeitos de ajudarem os dois primeiros na preparação do atentado, foram detidos no mesmo dia.

A investigação policial permitiu detetar vários contactos entre Abrini e Krayem e Salah Abddeslam – detido em Bruxelas quatro dias antes dos atentados e suspeito da logística dos ataques de novembro em Paris -, o que reforçou a hipótese de ambos os ataques, reivindicados pelo Estado Islâmico, terem sido perpetrados por uma mesma célula terrorista.

Trinta e duas pessoas morreram nos atentados de Bruxelas e 340 ficaram feridas. Entre os feridos, 90 estavam em estado grave e foram hospitalizados.

Há um mês, quando passaram cinco meses sobre os atentados, o gabinete da ministra da Saúde, Maggie de Block, confirmou à imprensa que uma vítima permanecia hospitalizada.

Desde os ataques, sucederam-se as falsas ameaças de bomba e multiplicaram-se as operações policiais. A presença de patrulhas militares armadas nas ruas mantém-se até hoje.

A atividade no aeroporto e no metropolitano regressou à normalidade, apesar de em Zaventem haver ainda algumas dezenas de malas de viagem que ainda não foram restituídas às pessoas que ali estiveram no dia dos ataques.