Os governos das nações nórdicas apelaram nesta quarta-feira à União Europeia para que “tome medidas” contra a Hungria devido à relutância deste país em receber candidatos a asilo registados. Em carta datada de 09 de setembro, consultada pela agência noticiosa AFP, Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia, expressaram a sua “grande preocupação” com a recusa do Governo de Budapeste em agir segundo as designadas regras de Dublin, sob as quais os refugiados devem solicitar asilo no primeiro país da UE em que entrem.

Durante vários meses, a Hungria exprimiu, através do seu primeiro-ministro de direita e feroz crítico de Bruxelas, Viktor Orban, a sua oposição a receber de volta qualquer refugiado que tenha entrado na UE através da Hungria e sido então registado.

A carta conjunta, assinada por ministros dos cinco países nórdicos, cita uma declaração enviada por Budapeste para os seus parceiros na UE, em maio, onde se insiste que a Hungria “não pode aceitar quaisquer transferências” ao abrigo de Dublin.

Os ministros nórdicos concordam que esta posição constitui “uma violação da lei da UE o que não é aceitável” e apelaram ao comissário com o pelouro das Migrações, Dimitris Avramopoulos, para “agir rapidamente”.

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No início deste mês, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Luxemburgo, Jean Asselborn, disse que a Hungria deveria ser suspensa da União Europeia por violar valores democráticos essenciais e tratar os refugiados como “animais”. A Áustria também já ameaçou apresentar uma queixa contra a Hungria nos tribunais europeus.

Os húngaros também já irritaram os seus parceiros europeus ao distribuírem um mapa com cerca de 900 zonas na Europa com numerosas populações de imigrantes, incluindo Londres, paris e Berlim, onde desencorajam deslocações, as chamadas “no-go areas”.

Em julho passado, Orban descreveu a chegada dos refugiados à Europa como “um veneno”, adiantando que o seu país não queria nem precisava de “um único migrante”. O primeiro-ministro húngaro organizou um referendo, que vai decorrer em 02 de outubro, para procurar obter um voto contra a divisão obrigatória de migrantes entre os Estados membros da UE.

O executivo de Budapeste recusou receber um único migrante no quadro de um plano da UE para lidar com a atual crise. O referendo vai perguntar aos eleitores se concordam com a relocalização de refugiados imposta por Bruxelas sema aprovação dos parlamentos nacionais.