O presidente do Zimbabué, Robert Mugabe, apelou nas Nações Unidas para o levantamento das sanções económicas aplicadas ao seu país pelo Reino Unido, Estados Unidos e outros países ocidentais, considerando que são “ilegais” e “injustificadas”.

“O Zimbabué é vítima de sanções rancorosas impostas pelos Estados Unidos e outros países ocidentais desde há 16 anos. Como país, estamos a ser castigados coletivamente por exercer o principal princípio consagrado na Carta das Nações Unidas, o da independência soberana. Estamos a ser punidos por fazer o que as outras nações fazem, que é responder e cuidar dos interesses básicos do nosso povo”, disse Robert Mugabe na 71.ª Assembleia Geral das Nações Unidas.

O presidente do Zimbabué, no poder desde 1980 (quando a antiga Rodésia se tornou independente e adotou o nome Zimbabué), explicou perante os outros chefes de Estado e de Governo que as sanções que são aplicadas desde 2000 impedem o país de dar os passos necessários para cumprir a agenda 2030 das Nações Unidas.

A União Europeia e os Estados Unidos aplicaram sanções ao Zimbabué após terem acusado Robert Mugabe de violar os direitos humanos, falsear eleições e acabar com a liberdade de imprensa no país.

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“O nosso maior impedimento à concretização da Agenda 2030 é o peso das sanções punitivas e escabrosas impostas por alguns que hoje estão entre nós”, realçou Mugabe.

Por isso mesmo, Mugabe, 92 anos, apelou para que as sanções sejam levantadas.

“Renovo o meu apelo ao Reino Unido e aos Estados Unidos e aos seus aliados para que acabem com estas sanções ilegais e injustificadas contra o meu país e o seu povo. Todos temos de estar vinculados aos nossos compromissos, à Agenda 2030, ao abrigo da qual todos concordamos em evitar sanções em favor do diálogo”, considerou o presidente zimbabueano.

Mugabe também deixou críticas ao processo de escolha do novo secretário-geral da ONU, atualmente em andamento, no qual o português António Guterres é um dos mais fortes candidatos.

O presidente do Zimbabué considera que foram feitos esforços no sentido de tornar o processo “mais inclusivo [a todas as nações] e mais transparente”. No entanto, sublinha que “o maior envolvimento da Assembleia Geral, e por conseguinte da maioria dos membros, não esconde a opacidade do processo ao nível do Conselho de Segurança”.