Os investigadores da Operação Marquês encontraram documentos pessoais de José Dirceu, ex-ministro do governo de Lula da Silva, numa sociedade de advogados em Lisboa. O Ministério Público acredita que Dirceu foi uma das pessoas envolvidas na compra da Oi pela Portugal Telecom e que José Sócrates terá recebido comissões por esse negócio.

Segundo o jornal i, os investigadores do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) estão convencidos de que José Dirceu e outros políticos brasileiros estiveram diversas vezes em Lisboa para se reunirem com administradores e acionistas da PT, como o Grupo Espírito Santo (GES), com a intenção de os convencer a investir na Oi. O palco desses encontros era uma sociedade de advogados com sede na Rua Castilho, em Lisboa, onde o Ministério Público esteve em julho a fazer buscas. O jornal escreve que foram encontrados vários documentos pessoais de Dirceu, como agendas, cópias do passaporte e notas escritas à mão sobre companhias telefónicas brasileiras. Ainda segundo o diário, a sociedade de advogados em causa — Lima, Serra, Fernandes & Associados — apresentou uma queixa contra a realização dessas buscas, mas a mesma não teve seguimento.

Depois de o Estado português, por indicação de José Sócrates, ter usado a golden share que detinha na PT para evitar a OPA da Sonae, o ex-primeiro-ministro português terá condicionado as operações brasileiras da empresa. A equipa que investiga a Operação Marquês acredita que José Sócrates terá recebido comissões para garantir que a PT comprava uma participação na Oi. Em 2011, a companhia portuguesa vendeu a participação que tinha na brasileira Vivo à espanhola Telefónica por 7,5 mil milhões de euros. Mais tarde, a PT tornou-se acionista da Oi. Essa terá sido, acreditam os investigadores, uma contrapartida exigida por Sócrates. A entrada no capital da Oi veio mais tarde a revelar-se ruinosa para a PT.

No Brasil, o irmão de José Dirceu está neste momento a negociar uma delação premiada com os investigadores da Operação Lava Jato. Trata-se de um recurso que permite aos suspeitos de um crime terem condenações mais leves em troca de informações sobre outros suspeitos. Segundo o i, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva foi uma das pessoas que participou nas reuniões de negociação entre a PT e a Oi. Caso a delação premiada aconteça, algumas informações dadas pelo irmão de Dirceu podem ajudar os investigadores portugueses a completar o complexo puzzle da Operação Marquês.

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