O presidente da Comissão Europeia disse esta quinta-feira em Bruxelas que o atraso da União Europeia em ratificar o acordo de Paris sobre o clima está a ridicularizá-la e a colocar em causa a sua credibilidade internacional.

“Somos ridículos. Fomos nós que pressionámos (em busca de um acordo), que dissemos a todo o planeta – Estados Unidos, chineses, indianos, japoneses e outros – para se tornar mais pró-ativo em matéria de alterações climáticas, e agora os Estados Unidos ratificaram (o acordo), a China também, a Índia vai ratificar, o Japão vai ratificar, e a Europa está… em lado nenhum”, lamentou Jean-Claude Juncker, num debate no Comité Económico e Social Europeu.

Apontando que na cimeira informal de sexta-feira passada, em Bratislava, voltou a pedir aos chefes de Estado e de Governo que ratifiquem o acordo de Paris, o presidente do executivo comunitário advertiu que está em causa a credibilidade internacional da UE, já afetada em matéria de comércio.

“Somos ridículos e estamos a perder credibilidade internacional. Já estamos a perder em termos de acordos comerciais e agora não estamos a mostrar resultados em matéria clima. Pedi ao Parlamento e membros do Conselho Europeu em Bratislava para ratificarem (o acordo), porque está em causa a influência e credibilidade da UE no mundo”, concluiu.

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Na véspera, 31 Estados ratificaram na Organização das Nações Unidas (ONU) o acordo de Paris sobre o clima, concluído em dezembro de 2015, mas a UE ainda não o fez.

O acordo concluído na capital francesa em dezembro último, por ocasião da 21.ª Conferência das Partes (COP, na sigla em inglês) ambiciona conter o aquecimento climático abaixo dos 2.º C, em relação ao nível da era pré-industrial.

Para entrar em vigor, tem de ser ratificado por 55 Estados, que devem representar 55% das emissões de gases com efeito de estufa.

Os números atuais são de 60 países, mas representativos de menos de 48% das emissões.

Os dois países mais poluidores, a China e os EUA, contribuíram para acelerar o processo, ao terem ratificado o texto em 03 de setembro.