Afinal a equipa do INEM que, no sábado, foi chamada de emergência ao Aeroporto de Lisboa para socorrer um funcionário da alfândega, na zona de cargas, não teve de pagar parque para aceder ao local. A garantia foi dada ao Observador pelo Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), depois de a APIT — Associação Sindical dos Profissionais da Inspeção Tributária e Aduaneira — ter alertado, esta quinta-feira, para uma série de contratempos na prestação de cuidados médicos a um funcionário que acabou por morrer já no Hospital de Santa Maria.

O INEM não tem conhecimento de qualquer situação em que tenha sido solicitado o pagamento de parque a um veículo em marcha de emergência”, começou por responder fonte oficial do Instituto, acrescentando mais tarde que, no local, estaria já um funcionário que abriu a cancela para o veículo entrar, sem qualquer perda de tempo.

Este esclarecimento contrasta com as declarações feitas, num primeiro momento, por António Castela, vice-presidente da APIT, à Lusa. Segundo o sindicalista, o socorro prestado ao funcionário João Moura foi demorado devido a “um conjunto de circunstâncias que se acumularam (…), desde a ambulância da Cruz Vermelha existente no aeroporto de Lisboa ter sido interditada de passar num caminho de circulação fora de pista, e que obrigou à chamada externa do INEM, que também teve de tirar ticket de entrada e pagá-lo à saída com toda a morosidade existente”.

Contactado, mais tarde, pelo Observador, António Castela esclareceu que “não estava ninguém na portaria de saída e quando foi preciso tocar a campainha para abrirem a cancela, a primeira reação foi que teriam de pagar a saída”.

Já Nuno Barroso, presidente da mesma associação, referiu que foi um funcionário da alfândega e não um segurança a retirar o dito ticket e que o mesmo não terá causado qualquer demora na prestação de cuidados.

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ANA afirma contradiz sindicato

O sindicato afirmou ainda que a ambulância da Cruz Vermelha Portuguesa, em permanência no aeroporto, terá sido impedida de circular pelos “arruamentos interiores” por um coordenador de segurança do aeroporto. A ANA, contactada pelo Observador, desmente.

Não é verdade, mas como estão em curso inquéritos, não só internos como policiais, só serão divulgados os factos uma vez concluídos os referidos processos”, garantiu fonte oficial.

Outra das queixas da APIT apontava para a inexistência de desfibrilhadores no local, o que acabou por ser confirmado pela empresa que gere o aeroporto. A ANA garantiu que “tem um programa de Desfibrilhação Automática Externa desde setembro de 2012” e que foram “formados 105 operacionais de DAE, de diversas categorias profissionais”. Porém, os 26 desfibrilhadores presentes no aeroporto estão localizados apenas nos terminais de passageiros: 24 no T1 e 2 no T2.

Perante estes problemas, a APIT pediu à Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) que abrisse uma averiguação interna. Segundo a Lusa esse inquérito já foi aberto. E ao Observador a ANA confirma que está a decorrer um inquérito interno e policial.

“Calculamos que o colega esteve cerca de meia hora sem cuidados médicos, apesar de ter estado no local um outro colega da Groundforce, que tem curso de primeiros socorros, e de este lhe ter feito tentativas de reanimação”, adiantou. António Castela considerou “gravíssimo” que não haja equipamento de emergência médica nas instalações, lembrando que se trata de um aeroporto internacional. “Nunca nos tínhamos dado conta de que não existia este equipamento. Isto não pode continuar.”

Funcionário entrou em paragem cardiorespiratória

O funcionário, de 55 anos, sentiu-se mal no local de trabalho pelas 12h40, ao que o Observador conseguiu apurar. O INEM diz, contudo, que Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) só recebeu a chamada de socorro às 13h02, com a indicação de que “a vítima apresentava uma alteração do estado de consciência”.

“Em função da informação transmitida, o CODU acionou, às 13h04, uma ambulância de socorro da Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação do Prior Velho – e a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) do Hospital de São José.”

Quando a equipa de emergência chegou ao local, junto à vítima já estava um bombeiro, tal como António Castela contou. Seguiram-se manobras de reanimação e o transporte do doente para o Hospital de Santa Maria, sempre “em manobras de Suporte Avançado de Vida, considerando que se tratava de uma vítima crítica”, diz o INEM. A vítima acabaria por morrer já no hospital.