A ONU anunciou esta sexta-feira que vai analisar no final do mês a situação dos direitos humanos nas Filipinas, um dia depois de o seu Presidente, Rodrigo Duterte, desafiar a organização a investigar a sua violenta campanha contra as drogas.

Os 18 especialistas independentes em direitos humanos do Comité dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais da ONU vão reunir-se nos dias 28 e 29 de setembro, em Genebra, com a delegação filipina, indicou o organismo em comunicado.

“As Filipinas são um dos 164 Estados que ratificaram o Acordo Internacional sobre os Direitos Económicos, Sociais e Culturais [ICESCR, na sigla em inglês] e portanto há uma revisão regular”, indica o texto.

O comité prevê publicar a 10 de outubro as conclusões sobre a situação dos direitos humanos nas Filipinas, onde desde junho mais de três mil pessoas morreram na campanha contra o tráfico de droga, promovida por Duterte.

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A campanha foi alvo de diversas críticas, incluindo da ONU e da União Europeia, a quem o Presidente filipino incentivou a visitarem o país e investigar as mortes.

“Que tragam os seus melhores advogados (…) Vou enfrentá-los um a um, vão ver como os atropelo”, disse num discurso televisivo.

Nas últimas semanas, Duterte criticou abertamente as Nações Unidas e a União Europeia depois de as duas instituições condenarem as violações de direitos humanos cometidas durante a campanha contra as drogas.

O Presidente filipino recusou ainda reunir-se com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e considerou as Nações Unidas “inúteis”, ameaçando tirar as Filipinas da organização.

Duterte venceu as eleições em maio com a promessa de acabar com o flagelo da droga e, desde então, deu ordens à polícia para disparar contra todos os que resistam a detenção e apelou, em várias ocasiões, aos cidadãos para matarem toda a gente que esteja envolvida com drogas.

Cerca de 3.500 alegados traficantes e toxicodependentes morreram desde que Duterte subiu ao poder — cerca de 1.500 em operações policiais e os restantes vítimas de grupos de cidadãos.