Cerca de 300.000 refugiados vão chegar a vários países da União Europeia, em 2016. Ao todo, os pedidos de asilo são mais de um milhão. E este será também o ano mais mortífero no Mediterrâneo, tendo já morrido mais de 3.200 pessoas que tentavam fazer a travessia para a Europa. Os europeus estão dispostos a receber refugiados, de preferência que sejam jovens, empregados e não muçulmanos.

Um estudo liderado por Jens Hainmueller, um professor de Ciência Política em Stanford, inquiriu 18.000 cidadãos da União Europeia sobre “qual o tipo de refugiados que os votantes estão dispostos a aceitar”. Os resultados mostram um preconceito por parte dos cidadãos da UE face a refugiados muçulmanos, já que os dados mostram que os europeus apresentam menos 11% de vontade de deixar entrar um muçulmano do que um cristão.

O estudo apurou também que a probabilidade de ser “bem recebido” pelos cidadãos da UE é 14% maior quando se trata de um médico do que quando se trata de um desempregado, por exemplo. São também melhor aceites (em 15%) aqueles que fogem da guerra aos refugiados que procuram oportunidades económicas.

Em entrevista ao Washington Post, o autor do estudo explicou que se verifica um maior medo face aos muçulmanos junto daqueles que se colocam no espetro político da extrema-direita. Cerca de 14% dos afetos à extrema-direita afirmaram preferir receber refugiados não muçulmanos, uma ideia partilhada por 7% dos que se consideram de extrema-esquerda.

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Existem outros aspetos que levavam os refugiados a serem melhor aceites, entre os quais: se foram torturados — 11% mais provável de ser aceite –, ter sido perseguido pela sua religião — 15% mais – e falar a língua do país de asilo – 12%.

Os investigadores apresentaram aos inquiridos 180.000 perfis hipotéticos de refugiados, com diferentes características sociais, demográficas e culturais, de forma a descobrir quais seriam os critérios que mais contribuíam para receber refugiados.

Foram inquiridos cidadãos da Alemanha, Áustria, Dinamarca, Espanha, França, Grécia, Hungria, Holanda, Itália, Noruega, Polónia, Reino Unido, República Checa, Suécia e Suíça.