A campanha eleitoral para as presidenciais de 02 de outubro em Cabo Verde entra esta segunda-feira na última semana, depois de uma primeira parte marcada pela morte do antigo presidente Mascarenhas Monteiro e pela chuva que fez cancelar algumas atividades.

Com três candidatos na corrida, mas com a vitória do atual chefe de Estado, Jorge Carlos Fonseca, a ser dada como quase certa à primeira volta, a campanha arrancou oficialmente a 15 de setembro sem o entusiasmo suscitado pelas muito mais disputadas legislativas de março último.

Jorge Carlos Fonseca, dado como o favorito à vitória, conta com o apoio do Movimento para a Democracia (MpD), que desde o início do ano obteve duas vitórias eleitorais (legislativas e autárquicas).

Conta ainda com o apoio pessoal do líder do terceiro maior partido cabo-verdiano a União Cabo Verdiana Independente e Democrática (UCID).

Advogado e constitucionalista, Jorge Carlos Fonseca concorre com o atual reitor da Universidade do Mindelo, Albertino Graça, que recolheu na semana passada o apoio do Partido Popular (0,34% de votos nas legislativas) e teve na apresentação pública da sua candidatura a presença de destacadas figuras do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), na oposição.

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O terceiro candidato é Joaquim Monteiro, natural de São Antão, antigo combatente pela liberdade da pátria, que entra pela segunda vez consecutiva na corrida presidencial.

A UCID e o PAICV deram liberdade de voto aos seus militantes nestas eleições presidenciais.

Jorge Carlos Fonseca concorre com o lema “O Presidente sempre com as pessoas” e assumiu o compromisso, de durante a campanha, visitar todos os 22 municípios de Cabo Verde.

Garante que apesar de correr com o apoio do partido do Governo, manterá a autonomia e independência, afirmando-se como uma voz crítica “sempre que necessário”, mas também “leal e cooperante”.

Confiante numa vitória logo na primeira volta, o Presidente, que tem o mandato suspenso por motivos eleitorais, tem reforçado os apelos ao voto numa tentativa de contrariar a ideia de que a eleição está ganha.

Albertino Graça, 56 anos, aposta na mensagem de que a concertação do poder legislativo, autárquico e presidencial numa única área partidária representa um problema para Cabo Verde, sendo por isso necessário, como reza o seu lema, “Mais equilíbrio” na vida política e no exercício dos poderes presidenciais.

Joaquim Jaime Monteiro, 76 anos, combatente da liberdade da pátria entra na corrida presidencial pela segunda vez, garantindo desde já nova candidatura em 2021.

Afirmando-se como o “verdadeiro candidato do povo”, tem feito sobretudo campanha porta a porta, chamando à atenção para as situações de pobreza e para as condições de habitação em que muitos cabo-verdianos ainda vivem.

A campanha foi interrompida ao segundo dia para cumprimento de dois dias de luto nacional pela morte do antigo chefe de Estado Mascarenhas Monteiro.

De regresso à estrada, os candidatos tiveram ainda que enfrentar a chuva que caiu nos primeiros dias da semana passada, causando alguns estragos sobretudo nas ilhas de São Antão e São Vicente.

A fechar as duas primeiras semanas de campanha, os candidatos desdobraram-se no fim de semana em contactos de rua e comícios.

Jorge Carlos Fonseca dedicou o fim de semana a fazer campanha na ilha de Santiago, a mais populosa do país, com uma arruda na cidade da Praia e comícios em Assomada, a segunda maior cidade, e no Tarrafal.

Foi também ocasião para o presidente do Movimento para a Democracia, (MpD) e primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, entrar na campanha recuperando uma das frases da sua vitória nas legislativas – Sem djobi pa lado (sem olhar para o lado) – para declarar o seu “apoio incondicional” a Jorge Carlos Fonseca.

Albertino Graça regressou no fim de semana a São Vicente, ilha onde tem a sua grande base de apoio, para ações de porta a porta e para o seu primeiro comício desta campanha eleitoral.

Durante o discurso de cerca de 40 minutos, criticou fortemente Jorge Carlos Fonseca, que classificou de “Presidente viajador, sem ética e contra a República”, considerando, por isso que não tem moral para pedir um segundo mandato.

O período legal de campanha prolonga-se até 30 de setembro.

Nas eleições presidenciais estão aptos a votar 361.206 eleitores, 314.073 registados em território nacional e 47.133 no estrangeiro.