A guerrilha colombiana das FARC, a mais poderosa da América Latina, assina esta segunda-feira a paz com o Governo da Colômbia, pondo termo a várias tentativas fracassadas para terminar um conflito armado de 52 anos.

O desfecho deste capítulo da história da Colômbia acontece esta segunda-feira em Cartagena das Índias com a assinatura formal de um acordo pelo Presidente Juan Manuel Santos e o “número um” das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), Rodrigo Londoño, mais conhecido como Timoleón Jiménez “Timochenko”.

Na sexta-feira, no final da Conferência nacional das FARC em El Diamante (sudeste), foi anunciado que “os guerrilheiros e guerrilheiras (…) exprimem o seu apoio unânime ao acordo final de Havana”, um dos últimos passos para a sua legitimação.

O Presidente Juan Manuel Santos e Timoleón Jiménez “Timochenko” vão assinar formalmente na histórica cidade colombiana, banhada pelo mar das Caraíbas, o designado “Acordo final para o fim do conflito e a construção de uma paz estável e duradoura”, negociado em Cuba durante 45 meses e cinco dias e anunciado em 24 de agosto.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O acordo põe termo ao conflito armado com as FARC, uma guerrilha de inspiração marxista e com origem nas revoltas camponesas da década de 1960, que vai tornar-se num movimento político e disputar o voto popular nas próximas eleições.

O balanço da guerra civil no país, que desde 1964 envolveu guerrilhas de extrema-esquerda, paramilitares de extrema-direita, exército e grupos de narcotraficantes é pesado: 260.000 mortos, 45.000 desaparecidos e 6,9 milhões de deslocados.

O acordo, um documento de 297 páginas, apesar de assinalar o fim oficial do conflito armado, deixa ainda em aberto a complexa tarefa da aplicação efetiva, para que seja garantida uma paz efetiva.

Para além da sua concretização prática, o acordo terá ainda de ser ratificado pela população num plebiscito marcado para 2 de outubro e que para ser validado necessita da participação de mais de 13% dos eleitores, 4,5 milhões de pessoas.

Um desfecho que ainda não está garantido, também devido à forte oposição das forças conservadoras lideradas pelo ex-presidente Álvaro Uribe, que apostam numa votação equilibrada para deslegitimar o acordo de paz e impedir a sua aplicação.

Uma sondagem divulgada na sexta-feira indicou que a intenção de voto pelo “sim” desceu para 54%, um recuo de seis pontos percentuais face ao último estudo.

À pergunta “Apoia ou não apoia o acordo final para o fim do conflito e a construção da paz”, conduzido por uma empresa de estudos de opinião, 54% respondeu “sim”, 34% “não” e 12% não manifestou intenção de voto.