Nenhum deles é o Keyser Söze que atormentou Kevin Spacey, Benicio del Toro e meio mundo em 1995, mas isso não quer dizer que não sejam Os Suspeitos do Costume. O Sporting venceu o Legia de Varsóvia por 2-0 no segundo jogo da fase de grupos da Liga dos Campeões e os responsáveis por isso foram os rapazes de sempre. Bas Dost, que já se está a tornar um clássico dos leões e Bryan Ruiz, que é um dos incansáveis de Alvalade, fizeram os golos. Adrien foi o capitão de que a equipa precisou, William foi o rochedo de sempre e Ruben Semedo mostrou que já tem estaleca para estas noites europeias. Os do costume.

A equipa do Sporting até nem entrou a pressionar muito, tal como já tinha acontecido no jogo contra o Estoril na sexta-feira passada. Apesar de ter atacado atabalhoadamente e sem eficácia, o Legia esteve mais atrevido nos primeiros minutos e até obrigou o guardião das redes leoninas a defender com a cabeça já na quina da grande área. Dois lances depois, os polacos estiveram pela primeira vez à beira do golo. Ao cortar a bola de um canto, Jefferson quase ia marcando auto golo.

Lenta mas consistentemente, os jogadores do Sporting lá foram tomando as rédeas da situação. Aos 18 minutos, o sempre irrequieto Gelson Martins teve nos pés a possibilidade de fazer o primeiro golo do jogo, mas teve uma pontaria fora de série e acertou em cheio na trave. A baliza estava escancarada depois de Bryan Ruiz ter marcado um canto e de William ter desviado a bola. Era só dar um ligeiro toque, mas não deu golo. Depois disso, e apesar de ter continuado a fazer constantes piscinas pelo lado direito do ataque sempre à procura de causar estragos na defesa polaca, Gelson não voltou a ter a preponderância que aquela fase do jogo fez antever.

Mas, felizmente para o Sporting, Bryan Ruiz foi mais eficaz dez minutos depois. A situação foi quase igual: canto para os leões do lado direito marcado por Bruno César. A bola sobrevoa toda a área, toca em Radovic (do Legia) e fica ao pé de semear do costa-riquenho. Um toque simples e está feito. Um — zero.

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Animados pelo golo e com o Legia já quase adormecido, os jogadores do Sporting tiveram então dez minutos muito intensos em que levaram a bola muitas vezes à área polaca, mas sem sucesso. Por fim, o inevitável Adrien descobriu o cada vez mais inevitável Bas Dost a posicionar-se bem entre dois defesas no meio da área. O holandês recebeu sem problemas e rematou com força para o fundo das redes de Malarz. Está a tornar-se um costume. Em cinco jogos, o jogador de 27 anos já marcou cinco golos.

Ainda antes do intervalo o Sporting podia ter feito o 3-0. Bruno César marcou um livre do Sporting no lado esquerdo e colocou a bola do outro lado da área, onde Sebastian Coates estava sozinho para dar uma forte cabeçada. O guarda-redes do Legia fez uma grande defesa e impediu que as equipas voltassem aos balneários com uma diferença de golos maior.

Na segunda parte, o Legia entrou com vontade de dar a volta ao resultado. Começou timidamente, com jogadas de pequenos passes e sem grande perigo, foi ganhando confiança com o relaxamento dos leões e acabou por ter um par de boas oportunidades para marcar um golo. Primeiro, aos 58 minutos, quando Guilherme marcou um livre do lado direito da grande área, junto à linha de fundo. Apesar de o local ser mais propício a um cruzamento, o brasileiro da equipa polaca rematou diretamente à baliza de Patrício e foi com dificuldade que a defesa do Sporting atirou a bola para longe. Depois, aos 69 minutos, o golo esteve ainda mais perto. Ataque do lado esquerdo que acabou com um cruzamento para Radovic, que, sozinho no meio da área, rematou sem grande força. Rui Patrício ficou a olhar, mas a bola não passou longe do poste esquerdo.

Pelo meio, foi o capitão Adrien a tentar sacudir o adormecimento em que a equipa do Sporting parecia ter caído ao intervalo. Sempre combativo, sem desistir de nenhuma bola, o homem da formação sportinguista deu o exemplo de esforço e dedicação de que os colegas precisavam. Depois de já na primeira parte ter mostrado por algumas vezes que estava com vontade de marcar (ainda que a execução não fosse a melhor), o capitão teve duas belas oportunidades de aumentar a vantagem leonina, aos 55 e 57 minutos. Mas mais do que as chances falhadas, Adrien foi importante para o Sporting como um rochedo de segurança, juntamente com William. Os dois campeões europeus tiveram a serenidade suficiente para pôr água na fervura quando o jogo o exigiu. Juntos, foram os jogadores que mais passes acertaram e mais jogadas do Legia ajudaram a travar. E isso, mais do que tudo, foi o que verdadeiramente contou para segurar este desfecho.

O Sporting garantiu os primeiros três pontos da fase de grupos da Liga dos Campeões e continua a lutar pela passagem aos oitavos-de-final, apesar de o Real Madrid só ter conseguido empatar com o Borussia Dortmund (2-2).