O Cairo, popular capital egípcia, estende-se mais de 400 quilómetros quadrados no deserto. As casas dos bairros periféricos coexistem, muitas vezes, com depósitos arqueológicos, a poucos quilómetros de carros e autocarros, onde se desenterram restos do passado faraónico.

Uma equipa de egiptólogos alemães e egípcios descobriu os primeiros indícios — na forma de fragmentos de estátuas e blocos — da existência de um templo do faraó Ramsés II, em Heliópolis, um dos principais bairros cairotas, segundo informou o Ministério de Antiguidades do Egito.

O diretor da área do Antigo Egito do Ministério, Mahmoud Afifi, disse que a descoberta aconteceu de forma casual, quando os arqueólogos “tropeçaram” nuns blocos e outros fragmentos do ‘santuário’, a uns 1oo metros do obelisco do rei Senusret, em Matariya, a noroeste da cidade.

Mais a norte, a equipa recuperou um outro grupo de blocos, de grande tamanho, que mostram o faraó Ramsés II a adorar um dos muitos deuses do panteão egípcio. Estes blocos, onde o nome do faraó surge gravado como «Paramessu», uma rara variante da escritura original (User-Maat-Re Setepenre), seriam parte da decoração interior do templo, detalha o diretor egípcio da investigação, Ayman Ashmawi.

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Segundo o arqueólogo, os blocos e fragmentos gravados demonstram que foi Ramsés II quem geriu o templo.

Confirma-se a hipótese de que Ramsés II mostrou um especial interesse em Heliópolis durante as últimas décadas do seu reinado (que durou 70 anos) “, acrescentou.

Ramsés II, um dos faraós mais importantes do Egito, da XIX dinastia, governou o país em finais de 1270 a.C. até 1210 a.C. aproximadamente, e durante o seu reinado construiu inúmeros templos e outros edifícios em sua honra.

O maior e mais importante de todos os templos em Tebas (agora área de Luxor, perto do Vale dos Reis) foi descoberto por Champollion: o Ramesseum, com dois pátios e mais de 40 colunas. Mas, talvez, o mais imponente seja o templo de Abul Simbel, que o faraó edificou para reforçar a sua presença na Nubia.

Após estes indícios de um novo templo de Ramsés II no Cairo, a missão arqueológica continuará as escavações numa zona mais ampla, a sudeste, onde seria o coração do templo.

O diretor alemão da equipa, Dietrich Raue, anuncia que até ao momento foram descobertos diversos amuletos e ferramentas de metal.