Mario Draghi defendeu esta quarta-feira a política monetária do Banco Central Europeu (BCE) antes de intervir no Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão). No seu discurso de inauguração da primeira Conferência anual de investigação do BCE, Draghi reconheceu que com as atuais medidas de política monetária “em muitos casos opera-se em águas desconhecidas”.

“Mas o importante é que em cada caso podemos desenhar políticas monetárias efetivas para enfrentar uma série de impactos sem precedentes”, explicou. Draghi, que se reúne este quarta-feira com o presidente do Bundestag, Norbert Lammert, foi convidado pelo comité de finanças da Câmara baixa do Parlamento alemão, onde trocará impressões sobre a situação atual da economia da zona euro.

O presidente do BCE vai explicar aos deputados alemães a atual política monetária na zona euro, bem como os efeitos secundários da mesma e responder a questões. O BCE desceu a taxa de juro diretora para 0% e cobra aos bancos juros de 0,4% pelo excesso de reservas.

Mesmo assim, o BCE compra grandes quantidades de dívida pública e privada, pressionando ainda mais a descida das taxas de juro. Draghi também vai falar sobre a situação geral do setor bancário alemão, ainda que não se vá pronunciar sobre entidades em concreto.

A política monetária do BCE foi muito criticada na Alemanha, onde a população prefere poupar sem risco e apenas cerca 50% da mesma é proprietária de imóveis, contrariamente ao que se passa noutros países como Espanha ou Itália. Por isso os alemães têm a impressão de que não beneficiam das atuais baixas taxas de juro, mas que, pelo contrário, são prejudicados porque pensam que agora a poupança é penalizada e temem que as suas poupanças sejam desvalorizadas.

O BCE também tem sido criticado na Alemanha por se considerar que adotou muitas medidas sem ter legitimidade política, porque não é eleito democraticamente pela população. A revista alemã WirtschaftsWoche recentemente publicou um artigo, com o título “Mario Draghi, rei sem país”, onde referia que o presidente do BCE “é responsável pelo dinheiro (dos alemães) mas não foi eleito” pelos mesmos. “As suas decisões influenciam a Europa mas não tem de apresentar contas a qualquer chefe de Governo”, adiantava a revista alemã.

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