As primeiras reações à morte esta madrugada de Shimon Peres, ex-primeiro-ministro israelita (entre 1984 e 1986 e entre 1995 e 1996) e Nobel da Paz em 1994, já começaram a chegar de líderes de todo o mundo. O funeral de Shimon Peres acontece esta sexta-feira e, de acordo com o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, estarão presentes vários líderes mundiais, incluindo Barack Obama.

Ao contrário do que foi inicialmente avançado pelo governo de Israel, o Papa Francisco não estará presente na cerimónia de Estado, onde iria como chefe de Estado do Vaticano. O porta-voz do Vaticano, Greg Burke, já negou a informação, lembrando que o líder da Igreja Católica começa na sexta-feira uma viagem à Geórgia e ao Azerbaijão.

Marcelo Rebelo de Sousa: Peres era “um paladino da Paz”

Numa mensagem publicada na página da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa diz que Shimon Peres era “um paladino da Paz e da Concórdia, valores que sempre o orientaram nos vários cargos políticos que desempenhou no seu país, de que era aliás um dos pais fundadores”.

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“Lamento profundamente não podermos recebê-lo em Portugal, conforme estava previsto para dia 20 do próximo mês de Outubro”, destacou Marcelo, enviando à família e ao Estado de Israel “as mais sentidas condolências”.

Governo português enaltece “compromisso com a paz no Médio Oriente”

O Governo português considerou que Shimon Peres será recordado “pelo seu compromisso com a paz no Médio Oriente, construída numa solução política e histórica duradoura”, que é a coexistência dos Estados israelita e palestiniano.

O Nobel da Paz, “vai ser recordado pelo seu compromisso com a paz no Médio Oriente, construída numa solução política e histórica duradoura”, disse à Lusa o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, que transmitiu “as mais sentidas condolências” ao povo, ao Governo e ao Presidente israelitas.

O chefe da diplomacia portuguesa disse esperar que “o choque” causado pelo desaparecimento do antigo líder israelita “possa ser uma chamada de atenção para todos e para as responsabilidades de todos na construção do diálogo político necessário para que a solução dos dois Estados possa ser finalmente implantada”.

Benjamin Netanyahu: Peres “trabalhou até aos seus últimos dias” pela paz

O primeiro-ministro israelita divulgou um comunicado em vídeo, antes de uma reunião extraordinária do governo, em que o executivo irá preparar os detalhes para as cerimónias fúnebres de Peres, na sexta-feira.

Netanyahu recordou Shimon Peres como “um homem de visão”. “O seu olhar estava apontado para o futuro”, disse o primeiro-ministro israelita. Para Netanyahy, Peres “reforçou o poder de Israel de muitas formas, algumas das quais ainda hoje desconhecidas. Como homem de paz, trabalhou até aos seus últimos dias para nos reconciliar com os nossos vizinhos, e para um futuro melhor para os nossos filhos”.

François Hollande: “A paz perde um dos seus mais fervorosos defensores”

O presidente francês, François Hollande, disse em comunicado que “Shimon Peres pertence agora à História, que foi a companheira da sua longa vida”. Para Hollande, “a paz perde um dos seus mais fervorosos defensores”.

Hollande diz ainda que Peres era um “fiel amigo” da França. “Membro de inúmeros governos, primeiro-ministro por várias vezes e finalmente Presidente, de 2007 a 2014, Shimon Peres era Israel aos olhos do mundo”, concluiu o chefe de Estado francês.

Barack Obama: Peres “nunca desistiu da paz”

“Existem poucas pessoas com as quais partilhamos este mundo que mudaram o curso da história humana (…). O meu amigo Shimon foi uma delas”, disse o presidente dos Estados Unidos, num comunicado da Casa Branca.

“Talvez por ter visto Israel superar grandes adversidades, Shimon nunca desistiu da possibilidade de paz entre os israelitas, palestinianos e vizinhos de Israel — nem mesmo depois da trágica noite em Telavive que levou Yitzhak Rabin”, sublinhou, referindo-se ao assassínio, em novembro de 1995, do então primeiro-ministro israelita.

Barack Obama comprometeu-se novamente com um acordo de paz entre israelitas e palestinianos. “Não imagino, esta noite, um melhor tributo à sua vida do que renovar o nosso compromisso com a paz que ele acreditava ser possível”, disse Obama. “Como norte-americanos, estamos em dívida para com ele porque (…), durante estes anos, ninguém fez mais para construir uma aliança entre os nossos países, uma aliança inabalável, que hoje está mais perto e mais forte do nunca”, sublinhou.

Tony Blair: “Um visionário cuja visão nunca esmoreceu”

O antigo primeiro-ministro britânico, que trabalhou diretamente com Shimon Peres, disse que o “compromisso de Peres com a paz e a sua convicção de que esse compromisso era do interesse do país que ele amava marcou-o como um visionário cuja visão nunca esmoreceu”.