O antigo líder social-democrata Luís Marques Mendes disse este domingo estar “perplexo” com o “vazio de ideias” do PSD, bem como com a falta de candidatos do partido para as autárquicas, quando falta apenas um ano para as eleições. No seu programa semanal na SIC, Mendes diz que o PSD “dá a ideia de que está cheio de medo e a jogar à defesa“. Em jeito de balanço de um ano desde que se realizaram as legislativas, o comentador também não poupou o Governo de António Costa que diz ser de “governação à vista” e o “menos reformista de sempre.”

Marques Mendes vê no seu partido “um vazio” e, em palavras duras para Passos Coelho, avisou que “quando o líder não manda, alguém manda por ele. E é isso que está a acontecer“. O ex-líder social-democrata referia-se à escolha de José Eduardo Martins para coordenar o programa autárquico o PSD em Lisboa, situação que “deixou a ideia de que Passos Coelho foi o último a saber”.

O conselheiro de Estado aponta assim um certo desleixo do PSD na gestão do dossiê autárquico, já que “nas últimas autárquicas, um ano antes das eleições, o partido já tinha fechado 60 coligações com o CDS e agora não tem nenhuma”, ao que se junta o facto de ainda não ter “candidatos para grandes cidades como Lisboa, Porto, Coimbra, Sintra ou Gaia. Só tem para Leiria, que será Feliciano Barreiras Duarte.”

Marques Mendes dispara contra Governo

O comentador acredita que também o Governo se tornou “facilitista e arrogante porque não leva a oposição a sério“. Marques Mendes vê, no entanto, uma “postura um pouco diferente do CDS, que tem apresentado várias iniciativas no Parlamento e já tem candidato à câmara de Lisboa.” Quanto ao PSD, “tem um vazio de iniciativa”.

A análise que faz ao Executivo de António Costa é agridoce. Mendes aponta como aspetos positivos a “estabilidade” (“que não existe, por exemplo, em Espanha), a “solução para a banca” (recapitalização da CGD, Banif, BPI e BCP) e o “défice, que é o aspeto mais positivo deste governo“. Quanto a aspetos negativos, aponta o “baixo crescimento da economia, a incerteza ao rasgar compromissos como a descida do IRC, os juros da dívida” e a tal “navegação à vista” de chegar ao “poder para não ir para a oposição, e depois chegar ao governo e ser um logo se vê”.

Marques Mendes falou ainda do veto do Presidente da República, relativo ao fim do sigilo bancário para contas acima dos 50 mil euros, dizendo que Marcelo Rebelo de Sousa optou pelos argumentos “menos duros para o governo”. O comentador acredita que até mesmo o envio para o Tribunal Constitucional seria mais lesivo para o Governo, já que “era altamente provável um chumbo”. O ex-líder do PSD disse ainda que o “caminho mais prudente e inteligente” para o governo será o de “não afrontar o Presidente” e desistir da lei.

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