O Ministro da Defesa esteve debaixo de fogo na reunião da comissão de Defesa desta tarde. Tudo porque os deputados não gostaram de ver as conclusões de um relatório sobre a Base Aérea do Montijo – que pediram para lhes ser entregue há quatro meses – publicadas no Observador, ainda antes de o documento ser entregue na Assembleia da República.

O assunto foi levantado pelo presidente da Comissão, Marco António Costa. O social-democrata manifestou estranheza pelo facto de as conclusões terem vindo a público quando a comissão espera há largos meses para ter acesso ao relatório, sem sucesso.

O documento, a que o Observador teve acesso, dá conta da recusa do Ministério da Defesa em suportar os “custos diretos ou indiretos” de uma eventual transformação da Base Aérea Nº6 num aeroporto misto, militar e civil. O relatório também aponta sete constrangimentos identificados pela Força Aérea caso a utilização civil da Base Aérea seja aprovada.

O “desconforto” com o desconhecimento dessas informações estendeu-se aos deputados do PS. “Admirado com o nível de detalhe” da notícia, na reunião desta terça-feira, o socialista José Miguel Medeiros interpelou o presidente da comissão, para que Marco António Costa se dirigisse ao ministério de Azeredo Lopes. Os deputados queriam perceber que justificações a Defesa tinha para que o relatório tivesse vindo a público sem que a comissão conhecesse as conclusões do documento. “Penso que algo não correu bem, provavelmente por uma falha de comunicação entre o ministério e a comissão”, admite José Miguel Medeiros.

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Para o deputado socialista, o assunto ficou arrumado durante a própria reunião, quando uma funcionária do parlamento entrou na sala e se dirigiu ao presidente da comissão. Num CD, com a indicação “urgente”, a funcionária trazia uma cópia digital do relatório, que assim chegava às mãos dos deputados – numa altura em que o deputado Ascenso Simões acabara de fazer a defesa do Governo, pedindo aos deputados para não “dramatizarem” o caso, e optando por abdicar de uma segunda intervenção quando se apercebeu da entrega do documento.

Nunca, em tantos anos de parlamento, vi algo assim”, admite o deputado do CDS João Rebelo.

O centrista também participou no encontro e chegou a admitir convocar um agendamento potestativo para que Azeredo Lopes fosse à Assembleia prestar esclarecimentos sobre o episódio.