O comandante operacional nacional da Proteção Civil, José Manuel Moura, disse esta terça-feira que “nada falhou” este ano no combate aos incêndios florestais, considerando que foi “muito difícil” a extinção de alguns fogos.

“Na parte do combate nada falhou. A nós exigiram-nos muito e nós demos tudo”, disse aos jornalistas, o comandante José Manuel Moura, numa conferência de imprensa, realizada na Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), sobre o período mais crítico em incêndios florestais, que terminou a 30 de setembro.

Segundo os dados apresentados, a área ardida este ano mais do que duplicou em relação a 2015, tendo os incêndios florestais consumido, até 30 de setembro, 150.499 hectares.

José Manuel Moura adiantou que a área ardida este ano ficou “acima da média” dos últimos 10 anos e com valores semelhantes a 2013 e 2010, mas inferiores a 2003 e 2005.

Já o número de incêndios diminuiu este ano cerca de 16 por cento em relação a 2015, tendo deflagrado, entre 01 de janeiro e 30 de setembro, 12.488 fogos.

Questionado sobre os valores da área ardida, José Manuel Moura afirmou que estão relacionados com “a severidade meteorológica”, que este ano alcançou o valor mais elevado dos últimos 17 anos, sendo apenas inferior a 2005, 2013 e 2015.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Foi de facto muito difícil a extinção de alguns incêndios”, disse, sublinhado que entre os dias 07 e 10 de agosto ocorreu uma severidade extrema e, por isso, é “motivo de satisfação” os resultados alcançados.

José Manuel Moura realçou que “a quantidade de grandes incêndios em simultâneo tem expressão direta no valor diário e final da área ardida”.

Segundo o comandante, durante o verão ocorreram três ondas de calor, registando-se, em agosto, nove dias consecutivos acima das 250 ocorrências de fogo e, em setembro, seis dias consecutivos com mais de 150 incêndios.

Cerca de 33 por cento do total da área ardida (45.489 hectares) ocorreu em incêndios com início a 08 de agosto, mês que registou um número de ignições e área ardida “bastante superior” ao valor médio do decénio, sublinhou.

José Manuel Moura referiu também que, em setembro, registou-se um pico de severidade meteorológica elevada, mas o número de incêndios e área ardida foram “muito inferiores” aos verificados em agosto.

No entanto, realçou que a área ardida no mês de setembro ficou acima da média dos últimos 10 anos.

Na conferência de imprensa, José Manuel Moura destacou que este ano não se registou qualquer vítima mortal no combate aos incêndios.

Dados divulgados pela ANPC indicam também que o distrito do Porto é que registou mais ocorrências de fogo, mas Aveiro e Viana do Castelo são os distritos com mais área ardida

De acordo com a Proteção Civil, 35 por cento dos grandes incêndios tiveram origem intencional, 26% tiveram causa negligente e 29% desconhecidas.

A época crítica em incêndios florestais, conhecida por fase “charlie”, decorreu entre 01 de julho e 30 de setembro.