Os países africanos de língua portuguesa e Timor-Leste receberam da China empréstimos com condições vantajosas de cerca de 240 milhões de euros nos últimos três anos.

Este “crédito preferencial” de 1.800 milhões de yuan tinha ficado acordado em 2013, no Plano de Ação 2013-2016 que saiu da quarta conferência ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, conhecido como Fórum Macau.

“Este montante já foi concedido totalmente, ou seja, a China já cumpriu o compromisso e realizaram-se alguns projetos em países africanos e em Timor-Leste”, disse a secretária-geral do Fórum Macau, Xu Yingzhen, numa entrevista a órgãos de comunicação social em português e inglês.

O secretário-geral Adjunto, Vicente de Jesus Manuel, acrescentou que estes créditos, que são “discutidos e negociados a nível bilateral”, financiaram projetos como a zona económica especial de Moçambique (o de maior destaque) ou o Instituto Confúcio de Moçambique.

Em Angola, foram usados num centro de formação técnico-profissional e num centro de distribuição de energia e água. Em Timor-Leste, foi financiada uma escola e na Guiné-Bissau um centro de saúde.

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Segundo Vicente de Jesus Manuel, há “outros projetos ainda em estudo que vão ser financiados no quadro de outros créditos”, por envolverem valores muito elevados.

Foi isso que aconteceu com o centro de distribuição de energia e água financiado em Angola, por exemplo, que beneficiou destes empréstimos, mas também do fundo de mil milhões de dólares criado em 2013 por Pequim, que é gerido pelo Banco de Desenvolvimento da China e se destina a projetos de investimento em países lusófonos.

Segundo os responsáveis do Fórum Macau, apenas dois projetos, que já estão em execução, conseguiram até agora aceder ao fundo, como já havia sido anunciado: o de distribuição de eletricidade e água em Angola e outro agrícola em Moçambique.

Há outros três “em processo de aprovação” e mais 20 candidaturas que continuam “de reserva”, oriundas de todos os países de língua portuguesa, com possibilidades de virem a ser consideradas.

Segundo têm dito os responsáveis pelo fundo, as dificuldades em aceder a este financiamento prendem-se, maioritariamente, com falhas nas candidaturas, a nível de documentos, por exemplo.

Xu Yingzhen afirmou hoje que “os administradores do fundo também querem que seja melhor aproveitado”.

“Da nossa parte estamos a esforçar-nos por ligar o banco que gere este fundo com os candidatos”, afirmou.

Por outro lado, o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) tem funcionado, em Macau, como intermediário entre empresários e o fundo e o Governo da região propôs no ano passado que o Banco de Desenvolvimento da China instale na cidade um gabinete para dar assistência técnica a eventuais candidatos, aguardando ainda uma resposta.

Ainda sobre o Plano de Ação 2013-2016 do Fórum Macau, Xu Yingzhen afirmou que também o compromisso da China de enviar 210 médicos para países lusófonos “está cumprido”.

Segundo Vicente de Jesus Manuel, para “os países mais necessitados” não foram só médicos, mas também equipamentos e medicamentos.

A Guiné-Bissau foi o país que recebeu mais apoio, por no ano passado ter sido atingida pela epidemia do Ébola, tendo a China destinado uma ajuda de 30 milhões de yuan (cerca de quatro milhões de euros).

Pequim atribuiu a Macau, em 2003, o papel de ser uma plataforma de cooperação entre a China e os países lusófonos e criou no mesmo ano o Fórum Macau, que reúne a nível ministerial a cada três anos. A próxima conferência ministerial realiza-se a 11 e 12 de outubro.