Sem querer avançar com o número que agradaria aos patrões, o presidente da Confederação da Industria Portuguesa (CIP) diz que não concorda com o valor proposto pelo Governo para 2017. “Estarmos a aumentar salários, como está em cima da mesa, para 557 euros, isso representa 5% de aumento em relação ao valor atual do salário mínimo, que são 530. Se a economia vai crescer 1% (…) não é possível que os ordenados cresçam para além deste crescimento económico”, admitiu o patrão dos patrões, numa entrevista ao Diário de Notícias e à TSF.

As contas da CIP não coincidem, portanto, com o valor avançado pelo Governo, mas António Saraiva recusou adiantar o número que vai levar à mesa das negociações. “Não é 557. O nosso valor não é esse valor. Vamos revelá-lo em sede de concertação. E permita-me que não o revele agora porque, enfim, prejudicaria a negociação”. E depois de muita insistência dos jornalistas, atirou um teto:

Nas contas da CIP não chega aos 550.”

Saraiva diz que os patrões estão dispostos a negociar, mas querem contrapartidas e querem, acima de tudo, que o aumento do salário mínimo seja feito “de acordo com o que for a evolução da economia”.

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Admito negociar de acordo com indicadores que sejam mensuráveis. O salário mínimo tem uma componente social que todos nós respeitamos, todos nós reconhecemos que o salário mínimo é baixo! Agora, em que condições é que a economia está, em que condições estão as empresas, que ganhos de produtividade é que têm, que crescimentos económicos é que o país tem de atingir? Temos de conjugar tudo isto.”

“Reconhecemos que o salário mínimo é baixo, tem de ser aumentado, tem uma componente social a que tem de se atender – não podemos matematicamente dizer que dá xis -, há, de facto, uma componente social que temos, com a responsabilidade social que as empresas têm, de ter em conta. Agora tem de ser é quantificado de uma forma que mantenha o emprego. Porque tão importante quanto melhorar a massa salarial é preservar o emprego e melhorá-lo, se possível, com novos empregos. E é este equilíbrio que nós temos tentado fazer”, afirmou.

E se parece difícil conseguir um acordo para o valor do salário mínimo para 2017, mais distante parece estar um acordo para toda a legislatura:

“Não estamos disponíveis para um acordo para a legislatura a não ser que o governo venha com condições que sejam muito favoráveis, para nos motivar para esse acordo.”