De há algum tempo a esta parte, e potenciada pelo escândalo das emissões que afectou o Grupo VW, começou a sofrer forte contestação a forma definida para a obtenção dos consumos e emissões de CO2 dos automóveis novos à venda no espaço europeu. Trata-se da célebre norma NEDC, de base exclusivamente laboratorial, a partir da qual são obtidos os valores que servem de base à homologação dos novos modelos vendidos na Europa e, logo, também da carga fiscal aplicável sobre os mesmos nos diversos países, pelo menos quando esta incide sobre a vertente ambiental.

Foram vários os fabricantes que sobre este tema têm vindo, publicamente, a tomar posição, com o Grupo PSA a decidir, em Julho passado, revelar os valores alcançados em condições reais de utilização por 30 modelos por si comercializados, oriundos das marcas Citroën, DS e Peugeot. Agora, o construtor francês foi mais longe e, para além de revelar os consumos reais de mais 10 dos seus modelos (incluindo os novos Citroën C3 e Peugeot 3008), decidiu publicar, também, o protocolo de testes criado em conjunto com as duas ONG (Transport&Environment, a France Nature Environment) que o acompanham nesta iniciativa e com a Bureau Veritas,que assegura a respectiva certificação.

O protocolo de medição em condições reais de utilização define quer os meios (o material necessário) quer os métodos (de aferição e de tratamento de dados) que são utilizados, de forma sistematizada, para obter os valores pretendidos. Sendo três as fases que no mesmo se incluem: selecção e verificação do veículo, circulação e recolha de dados, tratamento dos resultados e das medições obtidos. De sublinhar que os testes devem ser realizados em estradas abertas à circulação, em condições reais de utilização (fazendo uso do sistema de climatização, carregando o peso correspondente ao transporte de bagagem e passageiros, enfrentando desníveis de terreno, etc.) e tendo ao volante condutores não profissionais.

O Grupo PSA garante igualmente que, antes do final do ano, um total de 50 resultados medidos durante 2016 estarão disponíveis nas páginas de Internet das suas três marcas – na mesma altura em que será disponibilizado, também um simulador que permitirá aos utilizadores apurarem os consumos dos seus veículos em função do tipo de uso e condução a que estejam sujeitos.

Por outro lado, as várias entidades que integram esta iniciativa avançam que, durante 2017, estas medições passarão a incluir, ainda, os dados relativos aos óxidos de azoto (NOx) obtidos segundo o mesmo protocolo, que garantem ter uma base científica inquestionável e, por isso, desafiam a União Europeia e os restantes construtores a adoptar aquando da definição da nova legislação e para fins publicitários.

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