Angola registou 42 “casos prováveis” de febre-amarela nas últimas quatro semanas, indica um relatório semanal da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre a evolução da epidemia, que salienta ser necessária a comprovação laboratorial dos sintomas.

De acordo com o mesmo relatório, consultado hoje pela agência Lusa, entre 05 de dezembro e 06 de outubro há registo de um total de 4.220 casos suspeitos de febre-amarela em Angola, com 373 mortos (taxa de mortalidade de 8,8%).

Contudo, recorda a OMS, apenas 884 casos suspeitos foram confirmados em laboratório, o mesmo acontecendo com os óbitos, que ascendem a 121 confirmados no mesmo período.

Segundo a OMS, nas últimas quatro semanas as autoridades de saúde angolanas contabilizaram mais 42 casos suspeitos – muito abaixo dos mais de 100 por semana que se registavam há cerca de quatro meses -, mas que terão de ser analisados clinicamente, nomeadamente o historial de vacinação contra a doença, que pode provocar sintomas idênticos.

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Todos os dados confirmam uma clara regressão da epidemia e o último caso oficialmente confirmado, após análises laboratoriais, foi registado a 23 de junho. Desde então, todos os casos suspeitos, em que apenas uma parte foi analisada laboratorialmente, não foram confirmados.

Até 06 de outubro, as autoridades internacionais já tinham aprovado a distribuição de 20 milhões de doses da vacina contra a febre-amarela para Angola, utilizadas em campanhas de vacinação massiva da população que arrancaram em fevereiro.

A última destas fases arrancou, segundo a OMS, a 10 de outubro e tem como alvo dois milhões de pessoas em 10 províncias do país.

Desde o início da epidemia em Angola já foram reportados casos em todas as 18 províncias do país e casos de transmissão local da febre-amarela em 12 províncias.

A transmissão da doença é feita pela picada do mosquito (infetado) “aedes aegypti”, que, segundo a OMS, no início desta epidemia estava presente em algumas zonas de Viana, Luanda, em 100% das casas, município em que se registaram os primeiros casos.

Trata-se do mesmo mosquito responsável pela transmissão da malária, a principal causa de morte em Angola, e que se reproduz em águas paradas e na concentração de lixo, dois problemas (época das chuvas e falta de limpeza de resíduos) que afetaram a capital angolana entre 2015 e 2016.

A epidemia alastrou para a vizinha República Democrática do Congo (RDCongo), com 2.916 casos suspeitos, em todas as 26 províncias do país, entre 01 de janeiro e 12 de outubro. No total, a OMS refere que foram laboratorialmente confirmados, neste período, 757 casos, dos quais pelo menos 57 comprovadamente importados de Angola.

A epidemia já matou 120 pessoas – casos suspeitos – na RDCongo, ainda segundo a OMS.