O Governo de Cabo Verde quer incentivar os cabo-verdianos na diáspora a apostarem na economia do país, com a criação do Estatuto do Investidor Emigrante, disse este sábado o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, a emigrantes no Luxemburgo.

“Estamos a trabalhar de forma a que, no princípio do próximo ano, possamos ter um estatuto que crie condições de atratividade para que os emigrantes que tenham poupanças e queiram investir em projetos produtivos em Cabo Verde o possam fazer dentro de um quadro estruturado”, explicou o governante à Lusa.

As remessas dos emigrantes cabo-verdianos representam cerca de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, e o Estatuto do Investidor Emigrante visa incentivar os cabo-verdianos no estrangeiro a usarem as poupanças para investirem na economia, através da criação de “benefícios e atrativos” fiscais.

“Hoje temos vários emigrantes com depósitos nos bancos, mas precisamos que essa poupança seja uma poupança produtiva e que seja aplicada em projetos e em áreas em crescimento, como o turismo, contribuindo para o desenvolvimento das suas ilhas e dos seus concelhos”, disse Ulisses Correia e Silva.

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O governante, que iniciou na sexta-feira uma visita oficial ao Luxemburgo, participou hoje numa festa com mais de uma centena de emigrantes no país, para assinalar o Dia Nacional da Cultura e das Comunidades, celebrado em Cabo Verde a 18 de outubro, dia do nascimento do poeta cabo-verdiano Eugénio Tavares.

Ulisses Correia considerou que os emigrantes no Luxemburgo são “uma comunidade exemplar”, recordando que “as autoridades luxemburguesas” e o primeiro-ministro luxemburguês, Xavier Bettel, com quem esteve na sexta-feira, também fazem “uma avaliação muito positiva” dos cabo-verdianos no país.

“Sentem que os cabo-verdianos fazem parte desta nação, e os cabo-verdianos também sentem que fazem parte deste pequeno país em dimensão, mas grande na Europa e no exemplo que dá na cooperação com países em desenvolvimento”, afirmou o governante, que participou ainda numa homenagem a emigrantes que se destacaram na cultura, desporto, associativismo e empreendedorismo, organizada pela Associação de Amizade Cabo-verdiana.

Ulisses Correia e Silva assiste ainda esta noite a um concerto de Mayra Andrade, integrado no Festival Atlântico, uma iniciativa da Philharmonie, uma das maiores salas de espectáculos do Luxemburgo, para promover a música lusófona.

“A Mayra já é um nome de referência no estrangeiro, e para nós é um motivo de orgulho, porque a música é a manifestação cultural que leva Cabo Verde mais longe. Foi assim com Cesária Évora e está a ser assim com a Lura e a Mayra Andrade”, disse o primeiro-ministro cabo-verdiano.

Ulisses Correia e Silva vai estar em Bruxelas na segunda-feira, para a assinatura do pacote de ajuda orçamental do 11.º Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED), que terá lugar após um encontro com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.