O antigo ginasta português Nuno Merino considerou este domingo que a sua escolha para treinador principal das seleções de trampolins dos Estados Unidos é o reconhecimento do seu trabalho e da ginástica portuguesa.

“A principal razão pela qual chego aqui é pelo trabalho que tenho vindo a desenvolver desde janeiro de 2013”, disse o antigo ginasta à agência Lusa, explicando que nos últimos três anos tem treinado o clube The Matrix Gym, em Huntsville, no Alabama.

Aos 33 anos, Nuno Merino, que deixou a competição em julho de 2012, pouco antes dos Jogos Olímpicos de Londres, prepara-se agora para ser o ‘chefe’ das duas principais seleções de trampolins dos Estados Unidos.

“Tudo o que seja em cima do trampolim sou eu que vou tomar as decisões, eu sou o treinador principal, mas no fundo vai haver um triângulo de liderança”, refere, explicando que existirão outras duas figuras envolvidas no processo.

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O antigo atleta considera que a sua escolha para o cargo é também um reconhecimento da qualidade da ginástica portuguesa: “Tudo o que aprendi foi em Portugal, portanto acho que isto é um reconhecimento da ginástica portuguesa. Se não fosse o sistema português, a maneira como está estruturado e os treinadores que tive e tudo isso eu não seria quem sou hoje”.

Nuno Merino, que foi sexto classificado nos Jogos Olímpicos de Atenas 2004, considera que o seu trabalho no clube de Huntsville foi reconhecido pela Federação de Ginástica dos Estados Unidos: “o meu trabalho tem sido notado e a federação percebeu que eu seria uma boa solução”.

O tomarense admitiu que a seleção de trampolins dos Estados Unidos ainda não está no topo mundial, mas tem muito talento para estar” e reconheceu que o seu novo desafio acarreta “uma enorme responsabilidade”.

“Eu apenas posso fazer o meu trabalho se as pessoas que lá estiverem tiverem uma mente aberta para fazer alterações, se não tiverem essa mente aberta nenhum treinador no mundo consegue fazer alterações”, referiu o antigo atleta, que em Portugal treinou um clube em Mem Martins.

Merino admitiu que a sua nova função é “um trabalho a longo prazo”, mas mostrou-se convicto de que nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 os Estados Unidos já podem ter uma boa representação. “Ninguém faz milagres de um dia para o outro, Tóquio já é só daqui a quatro anos mas, sem dúvida, que temos talento para estar bem representados”, referiu.

Merino entende que Portugal tem um sistema de formação de treinadores melhor do que o norte-americano, e admitiu que parte do seu trabalho pode, também, passar por essa vertente.

“Aqui não existe um sistema de educação como temos em Portugal (…) é a falta de conhecimento que queremos combater e isso vai ser produtivo se conseguirmos ajudar os treinadores nas deteções de talentos”, frisou, lembrando a dimensão do país a enorme dimensão da base de recrutamento.

Merino, que foi dos primeiros atletas portugueses de alta competição a interromper os estudos para se dedicar ao desporto, começou a sua formação académica na área do treino, da qual acabou por desistir, sendo formado em aviação civil.

No entanto, o novo selecionador de trampolins dos Estados Unidos, que nunca se desligou do desporto, sublinhou: “Tenho as formações da federação portuguesa e todas as que são exigidas nos Estados Unidos. Gosto de saber sempre mais, de tudo”.