Cada vez existem mais arranha-céus. E cada vez são mais altos, tornando-se símbolos arquitetónicos de excelência. Mas como surgiram eles? A CNN contou a história que o Observador recupera agora. Cuidado, não fique com vertigens.

Desde a lendária Torre de Babel até ao icónico Burj Khalifa, o Homem sempre aspirou alcançar alturas cada vez maiores. Ao longo dos séculos, construíram-se imponentes edifícios para celebrar a cultura, promover as cidades — ou simplesmente para exibir ao outro.

Historicamente, estruturas altas preservaram grandes governantes, religiões e impérios. Por exemplo, a Grande Pirâmide de Gizé — construída para abrigar o túmulo do faraó Khufu — elevou-se a mais de 145 metros de altura.

Foi a estrutura mais alta feita pelo Homem por quase 4.000 anos, antes de ser ultrapassada pela Catedral de Lincoln, com mais de 160 metros de altura, no século XIV. Outros edifícios, como o Potala Palace — a tradicional casa do Dalai Lama, no Tibete — ou o Mount Athos foram construídos no topo de montanhas, para estarem mais perto dos céu.

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No entanto, estes grandes esforços históricos foram diminuídos pelos arranha-céus dos séculos XX e XXI. The Shard, em Londres, tem 310 metros de altura, mas é feito para parecer pequeno ao lado do edifício mais alto do mundo, o Burj Khalifa, com mais de 828 metros. Estes dois gigantes serão deixados nas sombras pela Kingdom Tower em Jeddah, na Arábia Saudita. Inicialmente, planeado pelo arquiteto Adrian Smith, para alcançar os 1.600 metros de altura, é provável que a torre alcance um quilómetro de altura, uma vez que só estará concluída em 2020.

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O Burj Khalifa, no Dubai

Ingredientes para o sucesso

De regresso à década de 1880, quando a primeira geração de arranha-céus apareceu em Chicago e Nova Iorque. A expansão dos negócios de seguros de meados do século XIX fizeram destas as primeiras empresas a explorar os avanços tecnológicos, o que fez os edifícios tão altos quanto possível.

Construído no rescaldo do grande incêndio de 1871, a construção da Home Insurance Building em Chicago — concluída em 1884 por William Le Baron Jenney — é amplamente considerada o primeiro edifício alto da era industrial, com 12 andares:

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Os arquitetos Louis Sullivan e Dankmar Adler foram os primeiros a utilizar o termo “tall office building” (prédio alto de escritórios), em 1896, com base no precedente arquitetónico dos palácios do período Renaissance, em Itália.

A revolução tecnológica americana de 1880 a 1890 conheceu uma explosão de criatividade que produziu uma onda de novas invenções que ajudaram os arquitetos a construir um edifício maior do que nunca:

O processo de Bessemer no fabrico de aço permitiu um design mais flexível do que o ferro fundido; a cabeça de aspersão, com um limite de altura de 23 metros foi imposta para controlar o risco de incêndio e a Corrente Alternada (AC) de eletricidade, permitiu acionar os elevadores, eletricamente, e subir dez ou mais andares.

Mudanças na vida urbana incentivaram a troca para instalações mais altas. Cedo as torres de escritórios encheram as cidades, com edifícios arejados e cheios de luz, como um U quadrado ou em forma de H. Isto permite luz natural e ventilação no interior do edifício, mas não fornecem quaisquer espaços públicos. Chicago impôs um limite de 40 metros de altura, em 1893, mas Nova Iorque prosseguiu com blocos grandes e altos. Muitos deles, como os edifícios Singer, Woolworth, MetLife e Chrysler, afunilaram com uma torre de sino, lutando para se tornarem o mais alto do mundo.

A segunda geração de gigantes

Em 1915, após a conclusão do edifício Equitable, de 40 andares, na Broadway, corria o alarme de que Nova Iorque introduzira “leis de zonamento” que forçavam novos edifícios, do género ziggurat enquanto cresciam, a fim de trazer a luz do dia ao nível da rua.

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Isto significa que enquanto a base continuava a preencher o quarteirão, o resto da torre crescia centralmente, recuando poucos andares, e forçou o núcleo de serviço para o centro do edifício traduzindo-se na perda de luz, tornando a ventilação mecânica e a iluminação artificial essenciais à habitação humana. Esta foi uma mudança radical na forma dos edifícios altos e da segunda geração de arranha-céus.

Segundo a historiadora de arquitetura Carol Willis: “a forma segue as finanças”, isto é, os investidores de prédios comerciais do início do século XX, trabalharam para maximizar a quantidade de espaço no chão utilizável em determinado sítio da cidade, antes de pedir a um arquiteto para colocar paredes em torno da área. As paredes vastas, com janelas convencionais, convidou a padrões de decoração geométrica e o estilo ziggurat veio a tornar-se o símbolo arquitetónico mais reconhecido do movimento Art Deco.

O hábito de construir edifícios altos com fins lucrativos perdeu-se no final dos anos 20 mas regressou e culminou em 1931 com o Chrysler e o Empire State. O excesso de oferta de edifícios de escritórios, a Grande Depressão e a Segunda Guerra Mundial romperam com o ‘boom’ da Art Deco. Não houve mais arranha-céus até aos anos 50, quando a era pós-guerra convocou a uma terceira geração: International Style, edifícios de vidro escurecido e caixas com estrutura de aço, ar condicionado e em frente a praças como vemos em muitas das cidades do mundo hoje.