A DBRS volta a pronunciar-se, esta sexta-feira, sobre o ‘rating’ atribuído a Portugal, sendo que a manutenção da nota de investimento é determinante para que o país continue a ser contemplado no programa de compra de ativos do BCE.

Na última análise à economia portuguesa, em abril, a agência de notação financeira manteve uma perspetiva estável ao ‘rating’, o que dá a indicação de que Portugal deverá permanecer com uma nota de ‘BBB’ (‘low’), o primeiro nível de investimento, acima do ‘lixo’.

Ainda assim, a DBRS tem-se mostrado preocupada com o crescimento fraco da economia portuguesa, chegando a admitir, em agosto, que o crescimento abaixo do previsto do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre aumentava a pressão sobre o ‘rating’ atribuído a Portugal.

Na altura, e em declarações à agência Lusa, o diretor do departamento da análise de ‘ratings’ soberanos da DBRS, Fergus McComirck, também se mostrou preocupado com o impacto da recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD) nas contas públicas.

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Ainda assim, o analista da DBRS sublinhou, na altura, que a perspetiva do ‘rating’ atribuída à dívida portuguesa continua a ser estável.

Mais recentemente, no fim de setembro, Fergus McComirck, numa entrevista à agência de informação financeira Bloomberg, manteve as preocupações face ao crescimento económico e aos elevados juros da dívida, destacando, por outro lado, a estabilidade política em Portugal.

“Há dois pontos negativos e um positivo”, resumiu.

Na análise à economia portuguesa, a DBRS terá em conta as perspetivas económicas e orçamentais do Governo para este ano e o próximo, sendo que o executivo piorou as suas estimativas face às inscritas no Programa de Estabilidade, apresentado em abril.

Na altura, o Governo estimava um crescimento económico de 1,8% em 2016 e 2017 e um défice orçamental de 2,2% do PIB este ano e de 1,4% no próximo.

Na proposta de Orçamento do Estado para 2017 (OE2017), o Governo espera que a economia cresça 1,2% este ano e 1,5% no próximo e que o défice orçamental represente 2,4% do PIB em 2016 e 1,6% em 2017.

A DBRS é a única agência a atribuir uma nota de investimento à dívida pública portuguesa, enquanto as restantes três maiores entidades de ‘rating’ (Moody’s, Standard & Poor’s e Fitch) consideram que Portugal ainda está num grau de ‘lixo’.

O ‘rating’ atribuído pela DBRS é relevante porque a notação de investimento por pelo menos uma das maiores agências de ‘rating’ é exigida para que o Banco Central Europeu (BCE) continue a comprar dívida pública em Portugal e a financiar a banca nacional.