Já lá vai o tempo em que apenas os computadores Windows eram afetados por vírus. Apesar de muitas pessoas ainda acreditarem que os Mac e o iPhone não são afetados por malware, isto não é, de todo, uma verdade.

Segundo a empresa de segurança informática Panda Security, desde 2012 assistiu-se ao aumento de programas maliciosos para Mac. Passaram de 500 para 2200 (em 2015) o número de vírus que afetam tanto os aparelhos móveis como os computadores da Apple. Segundo declarações de Luis Corrons, diretor da Panda Labs, “o mito de que não existem vírus para Mac já passou à história. Só em 2015 conseguimos detetar o dobro de malware para estes sistemas do que detetamos em 2014″.

O mito surgiu na altura em que existiam poucos computadores da companhia no mercado, acabando por não ser um alvo importante a quem se dedica aos ataques informáticos. No entanto, o elevado número de vendas inverteram o panorama e agora, estes sistemas operativos são também alvo de interesse – só iPhone já foram vendidos mil milhões de unidades, desde o lançamento em 2007.

A Panda Security divulgou aqueles que considera ser as principais ameaças para os sistemas operativos da Apple:

  • WireLurker – detetado em novembro de 2014, foi criado na China e considerado a maior ameaça registada para produtos Apple. Rouba vários dados, desde contactos a mensagens podendo ainda controlar, por inteiro, o dispositivo.
  • KeRanger – é recente, foi detetado no passado mês de março e é um dos mais perigosos, uma vez que se trata de um ransomware – programa que se apodera do dispositivo a fim de pedir um resgate pelo mesmo.
  • Codgost – foi desenvolvido em 2015 mas este ano já recebeu uma atualização. É um “cavalo de Troia” que entra no computador através de uma aplicação não oficial.
  • CoinThief 2014 – já com dois anos de existência, é um software maligno que foi criado para roubar bitcoins – moedas virtuais – aos utilizadores.
  • Yontoo – parece uma extensão para o navegador dedicada às descargas de vídeos do YouTube, mas acaba por abrir portas a publicidades indesejadas e infetadas.
  • iWorm 2014 – Foi descoberto em 2014 e infetou, pelo menos, 17 mil IP (endereços do dispositivo na rede). Não se sabe qual o método utilizado para infetar os dispositivos mas funciona criando uma “porta traseira” que liga o aparelho a uma outra rede, dando acesso, a terceiros, aos dados do utilizador.
  • MacVX – é uma extensão para o navegador que permite ver vídeos com maior qualidade. No entanto, acaba por inundar a navegação de anúncios infetados.
  • Janicab – este é um malware que afeta a plataforma YouTube transmitindo gravações do que está a ser visto e ouvido.
  • Mac Defender – este é um dos mais antigos mas ainda continua a afetar muitos utilizadores. Através de um site, informa que o computador está infetado, oferecendo uma solução antivírus chamada Mac Defender, sendo este o verdadeiro vírus.

O que fazer para se proteger?

Existem pequenos truques que todos os utilizadores Apple podem fazer para se protegerem destes ataques. Uns mais simples que outros, mas todos recomendados.

Firewall

Esta é uma definição importante que, por razões que desconhecemos, vem desativada por defeito nos computadores Mac.

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Basta aceder às Definições > Segurança e Privacidade > Firewall, desbloquear o cadeado no canto inferior esquerdo da janela e depois ativar a funcionalidade. De seguida abra as Opções de firewall e ative também o Modo stealth para impedir respostas e a identificação por parte de redes desconhecidas.

Instale um antivírus

Esta é sempre uma grande mais-valia para conseguir proteger não apenas o seu aparelho, mas também outros utilizadores, nomeadamente os que usam o sistema operativo Windows. Isto porque, na prática, o seu Mac pode bem ser um ponto de passagem de todos os vírus.

Existem diversas ofertas e a escolha depende sempre do tipo de utilização de cada um. Deixamos algumas sugestões, algumas grátis e outras pagas:

  • Avira – um antivírus com uma versão gratuita muito boa. Pouco intrusivo, não afeta a performance do computador (pelo menos não notamos qualquer diferença) e possuí uma aparência simples e limpa. Existem também as versões pagas que funcionam igualmente bem, mas para o utilizador comum a versão grátis é suficiente desde que tenha o cuidado de não abrir o que não conhece. Para o iPhone pode fazer o download da aplicação Avira Mobile Security que permite localizar o smartphone e ainda proteger o e-mail.
  • Kaspersky – uma solução paga e muito eficaz. Os falsos positivos são poucos e a segurança é elevada, no entanto, pode pesar um pouco no sistema. A empresa oferece ainda a aplicação Safe Browser que permite navegar com mais segurança através dos dispositivos móveis Apple.
  • AVG – também com uma versão gratuita, este antivírus funciona bem mas é um pouco mais intrusivo que o Avira. As versões pagas apresentam um bom desempenho a nível de proteção. A AVG oferece uma aplicação na App Store que permite gerir o serviço CloudCare da companhia.
  • Panda Antivírus – é provavelmente um dos mais conhecidos. Possuí apenas versões pagas mas funcionam bastante bem e oferecem um nível de proteção elevada. A Panda oferece também uma aplicação de localização para o iPhone e iPad.

Tenha atenção

Por muitos programas e funcionalidades que ative e instale para se proteger, o mais importante é o seu comportamento enquanto utilizador. Deve ter o cuidado de verificar sempre o que está a abrir mesmo que tenha sido enviado por um amigo ou por um colega.

Muitas vezes acontece receber uma mensagem de alguém que conhece com um vídeo engraçado que, na verdade, não foi ele que enviou. Estes programas conseguem assumir o controlo de algumas ações, nomeadamente enviar mensagens por si, para divulgarem o próprio vírus e infetarem mais pessoas.

Tenha em atenção a linguagem utilizada neste tipo de mensagens, que geralmente não aparecem bem escritas ou utilizam termos pouco comuns. Desconfie sempre se receber um email de um amigo ou colega escrito noutro idioma que não o habitual e com erros.

Se vir alguém a partilhar uma notícia surreal que, ao abrir, lhe peça qualquer tipo de informação pessoal, então feche esse separador. Essa é uma das estratégias destes programas maliciosos para conseguir obter dados pessoais sem que o utilizador se aperceba de que está a ser enganado.

Tenha sempre atenção às redes públicas a que liga os seus dispositivos, pois muitas estão infetadas ou a ser controladas por terceiros. Este é um dos problemas mais reportados dos últimos tempos e que tem vindo a crescer exponencialmente, segundo dados divulgados recentemente pela Kaspersky num evento em Madrid.