Se gosta de neve e de carros desportivos, vai-lhe ser difícil resistir à proposta da McLaren, um dos mais conceituados construtores de superdesportivos. E nem sequer necessita de ser proprietário de um destes fantásticos coupés que fazem crescer água na boca a qualquer um que goste de emoções fortes e de conduzir mais depressa, pois a marca inglesa fornece-lhe tudo. Por um preço, é claro.

Este programa de arromba para os maluquinhos por automóveis dá pelo nome de Pure McLaren Arctic Experience e consiste em pegar nos convidados, fazê-los voar para o norte da Finlândia, cerca de 360 km acima do Circulo Polar Árctico e, já demasiado próximo do Pólo Norte para quem não gosta de ter os pés frios, instalá-los no Jávri Lodge, próximo de Ivalo, na casa de um antigo presidente deste país nórdico, Urho Kekkonen.

Uma vez instalado, começa o gozo on ice. O que nem admira, numa região onde, em Janeiro, as temperaturas oscilam entre os 8 e os 11 graus. Negativos, obviamente. E estas são as máximas, pois à noite cai facilmente para lá dos 30 negativos. Talvez seja este o motivo pelo qual ninguém sai à noite em Ivalo.

É claro que todos os convidados – pagantes, como não podia deixar de ser – têm o seu foco centrado nos McLaren 570S, um brinquedo com chassi em fibra de carbono e “apenas” 570 cv, extraídos de um motor 3.8 V8 biturbo, que o atiram para lá dos 100 km/h ao fim de somente 3,2 segundos, e que depois o continuam a empurrar até aos 328 km/h. Mas não em Ivalo, onde nesta altura do ano ninguém vê asfalto seco, ou qualquer tipo de piso com a necessária aderência para atingir este tipo de acelerações ou velocidade máxima.

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Nas planícies geladas da Finlândia, a McLaren concentra-se em emoções fortes, mas de um outro tipo. Daquelas em que o que conta é o domínio do condutor sobre o carro, o que num veículo com tanta potência e apenas tracção atrás, se traduz por longas derrapagens e um constante spray de neve projectada pelo ar, pelos pneus armados com mais de 200 pregos cada um – não se preocupe, pois têm os bicos para fora. E parece que há um prémio para quem conseguir dar uma volta ao circuito sem percorrer um único centímetro a direito, vencendo o condutor que ande mais tempo atravessado.

Ivalo é conhecido no mundo automóvel como o “White Hell”, ou Inferno Branco, e isto porque nas suas imediações há centenas de pistas de testes onde as marcas conduzem os seus ensaios no frio extremo. Uma verdadeira tortura para os automóveis, mas uma incrível delícia para quem está ao volante e adora brincar nestas condições. E a verdade é que esta é uma “brincadeira” útil, pois ao controlar melhor o seu desportivo na neve evita muitos sustos, e até acidentes, quando estiver a circular em piso seco, ou molhado.

Nos intervalos das experiências a bordo dos McLaren, tem sempre a possibilidade de se deliciar com as actividades tradicionais daquela parte do mundo, desde excursões pela natureza em trenós puxados por uma legião de huskies, ou pela versão a gasolina destes cães de tracção, conhecidas como motos de neve. Quando a temperatura baixar, uma das alternativas é carregar no vinho tinto quente com açúcar e canela, entre outras especiarias, de que os nórdicos tanto gostam. É garantido que o ajuda a esquecer do frio e até dos cerca de 14.000€ que teve de pagar para participar no Pure McLaren Arctic Experience.