A nova presidente do conselho de administração da Galp Energia, Paula Amorim, assegurou esta segunda-feira que nada vai mudar com a saída de Américo Amorim. A filha do empresário que é o maior acionista da petrolífera, com 33,34% do capital, manifestou «total confiança» na comissão executiva, liderada por Carlos Gomes da Silva.

“Não vai mudar absolutamente nada. Estou aqui no sentido de continuidade”, afirmou Paula Amorim, à margem da cerimónia, em Lisboa, que assinalou o 10.º aniversário da admissão da Galp em bolsa. A oferta inicial de capital foi também a última fase de privatização da Galp, tendo incidido sobre 25% do capital da empresa. Na altura, o controlo da Galp era partilhado entre Américo Amorim e a italiana Eni que entretanto foi reduzindo a sua participação, dispersando ações por vários investidores.

No passado dia 14, a Galp Energia anunciou ao mercado que o empresário Américo Amorim deixava a presidência do CA, por motivos pessoais, sendo substituído pela filha Paula Amorim, que até agora era vice-presidente daquele órgão. Em declarações aos jornalistas, Paula Amorim manifestou “total confiança na comissão executiva”, liderada por Carlos Gomes da Silva, realçando que será mantido “o estilo de proximidade” entre os dois órgãos.

“Temos total confiança na comissão executiva e vamos manter um estilo de proximidade, que penso tem sido um dos sucessos da Galp, esta cooperação e proximidade”, sublinhou a empresária, que antes de substituir Américo Amorim era vice-presidente do conselho.

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Questionada sobre o futuro da petrolífera, Paula Amorim garantiu que haverá continuidade na estratégia da empresa, que, referiu, é uma competência do conselho executivo: “É à Comissão Executiva que cabe falar dos investimentos, estratégias e preocupações”.

O presidente executivo, Carlos Gomes da Silva, considerou que Américo Amorim é “uma pessoa única e irrepetível”, que, mesmo fora do CA, vai continuar a inspirar a empresa. “Diria que é quase insubstituível. Foi e é um inspirador para nós e muitas gerações de empresários e gestores”, declarou.

Na sua intervenção, o gestor realçou que foi a estabilidade acionista, nos últimos dez anos, que “permitiu delinear uma estratégia e executá-la”, realçando que a empresa teve uma valorização acionista de 121% desde que foi cotada.

O valor da ação da Galp Energia, em 23 de outubro de 2006, era de 5,81 euros, o que valorizou a empresa em pouco mais de cinco milhões de euros. Dez anos depois, os títulos valem 12,82 euros, o que representa uma valorização bolsista de 121%. A Galp vale hoje mais de 10.500 milhões de euros e é a segunda empresa mais valiosa a seguir à EDP.

O balanço positivo contrasta com a saída de empresas de referência do mercado financeiro nacional. Quando a Galp fez a oferta inicial em bolsa entrou logo para o PSI 20. Na altura faziam parte do índice das empresas mais valiosas da bolsa, a Brisa, a Cimpor e o Banco Espírito Santo. Atualmente o PSI 20 é composto por apenas 18 sociedades cotadas.

Para além da participação de Amorim, o maior acionista, mais de 50% do capital disponível está concentrado em investidores americanos e ingleses, de acordo com dados apresentados esta segunda-feira.

Ainda à margem da cerimónia que marcou os dez anos da Galp na bolsa, Carlos Gomes da Silva revelou que a empresa está disposta a investir num novo ciclo de projetos no Brasil sem a Petrobras, com quem anunciou recentemente o reforço da parceria internacional.

«Para a Galp, sendo a Petrobras um dos parceiros estratégicos não é indistinto estar ou não estar nas parcerias, mas com uma certeza, sempre, que acreditamos num projeto não deixaremos de avançar», afirmou o presidente executivo da Galp Energia.

Até hoje, «não há nenhum projeto em que a Galp tenha investido e que a Petrobras não esteja», realçou o gestor, questionado sobre a aprovação do projeto de lei que retira a obrigatoriedade da participação da Petrobras na exploração do petróleo do pré-sal.