O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, foi recebido esta segunda-feira pelo Papa Francisco, no Vaticano, para discutir “a preocupante situação de crise política, social e económica que o país atravessa”, informou o portal de notícias do Vaticano. No encontro, o líder da Igreja Católica convidou Nicolás Maduro a “empreender com coragem o caminho do diálogo sincero e construtivo, para aliviar o sofrimento do povo, dos pobres em primeiro lugar”.

É o primeiro passo da intervenção do Papa Francisco na resolução do conflito na Venezuela. Para o próximo dia 30 de outubro está marcado um encontro entre representantes do governo e da oposição, que será mediado pelo bispo Emil Paul Tscherrig, Núncio Apostólico (representante diplomático do Vaticano) na Argentina. Tscherrig explicou aos jornalistas que o objetivo do encontro é promover “um clima de confiança, superação da discórdia e promoção de um mecanismo que garanta a convivência pacífica” entre as duas partes.

Relativamente ao encontro desta segunda-feira, a Vaticano esclarece que o Papa “se preocupa com o bem de todos os venezuelanos”, e que “quis continuar oferecer a sua contribuição a favor da estabilidade institucional do país e de tudo o que possa contribuir para resolver as questões em aberto e criar confiança entre as partes”.

No final do encontro, Maduro falou aos jornalistas, sublinhando que foi “uma reunião extraordinária, profunda como sempre, muito espiritual e muito humana, de muita orientação e muita informação”. O presidente venezuelano destacou a importância da intervenção do Papa para “que, por fim, definitivamente, se instale uma mesa de diálogo com a oposição para que se chegue a um acordo na Venezuela”.

A tensão tem aumentado na Venezuela nos últimos meses. Com a oposição em maioria no parlamento, foi anunciada em setembro a recolha de assinaturas para um referendo que tirasse Maduro do poder. Essa recolha acabou por ser suspensa pelo Conselho Nacional de Eleições, o que levou o parlamento a aprovar um acordo que condena esta suspensão e apela a instâncias internacionais que apoiem o país no cumprimento da Constituição. O governo chavista de Maduro considera este acordo um “golpe de Estado”.

A intervenção do Vaticano poderá revelar-se agora decisiva, com o agendamento do encontro para dia 30 de outubro. A reunião vai reger-se, segundo o El País, por uma metodologia proposta por três antigos presidentes iberoamericanos, que têm acompanhado o processo: José Luiz Zapatero, de Espanha, Martín Torrijos, do Panamá, e Leonel Fernández, da República Dominicana.

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