No final do jogo histórico de Cluj, Francisco chamou a si as jogadoras, que o rodearam. Algumas choravam. Ainda choravam, longos minutos após o final do jogo. Outras sorriam. Muito. Indisfarçavelmente. O selecionador, nem uma coisa nem outra: não chorava, não sorria. Ainda não. Primeiro, queria dizer-lhes, como só nos balneários se diz — com emotividade –, o que lhe ia por dentro: “Eu disse-vos. Eu disse-vos na Finlândia que íamos ao Euro. Eu disse para sempre acreditarmos. Estamos no Euro! Estamos e vamos festejar como nunca!”

Andreia Norton. Foi ela quem, no prolongamento, aos 106′, começou tudo, pouco depois do meio-campo. E correu, Andreia. Até dentro da área. Mas antes deixou a bola com Cláudia Neto, a capitã. Cláudia desmarcaria Ana Borges à direita, ao cruzamento de Ana respondeu Andreia, a bola resvalaria ainda numa defesa romena, mas entrou mesmo. Depois, foi sofrer.

A Roménia empataria pouco depois, aos 111′. Mas como, nestas coisas de apuramento, o que conta são os golos marcados fora — Portugal empatou a zero no Restelo e 1-1 em Cluj –, a seleção nacional apurou-se mesmo para o Europeu de futebol feminino. Um apuramento inédito. Duríssimo.

Em entrevista ao Observador, pouco depois de se saber que seria a Roménia o adversário de Portugal no playoff, o selecionador nacional Francisco Neto já tinha descrito o quão duro foi chegar até ele. É que antes Portugal teve que ultrapassar Finlândia, Irlanda e Montenegro, terminando a fase de apuramento somente atrás da todo-poderosa Espanha.

Este foi o apuramento da união. Só com união foi possível lá chegar. Mas estivemos sempre na luta pelo apuramento para o playoff. No jogo com a Finlândia, antes do da Irlanda, estivemos a perder 2-0 e acabámos a vencer 3-2. Já na Finlândia, no jogo fora, empatámos [0-0], mas sabíamos que tínhamos sido superiores. Só precisávamos de ser mais concretizadores. Ao longo do apuramento nunca facilitámos; queríamos sempre vencer, fosse contra quem fosse. Neste momento não podemos ter outro pensamento a não ser o do apuramento. Nós queremos muito chegar ao Europeu. Mas vai ser difícil”, explicou então.

E foi. Por agora, festejem. Merecidamente. Para o ano é que será a doer. No Europeu. Pela primeira vez.

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