A Polícia Judiciária continua a investigar os motivos que levaram ao desaparecimento de Martim, no concelho de Ourém, durante mais de 24 horas. A criança de dois anos foi encontrada na terça-feira, por volta das 10h, depois de ter desaparecido da casa da avó às 9h de segunda-feira.

O diretor da PJ de Leiria, António Sintra, já garantiu que as investigações prosseguem “no sentido de procurar determinar as situações que levaram ao desaparecimento da criança”. Para já, a Judiciária está a investigar “se o desaparecimento teve origem em situação criminosa” ou se foi um desaparecimento acidental.

Uma fonte da PJ, ouvida pelo jornal i, sublinha que a possibilidade de origem criminosa é a mais provável, devido ao estado em que a criança foi encontrada. “Seria quase impossível admitir que além de caminhar vários quilómetros em condições adversas, o menino conseguisse nunca perder a chucha, que tinha na boca quando for encontrado, nem o peluche que também carregava”, sublinha a fonte àquele jornal.

A roupa que Martim vestia quando foi encontrado está também a ser alvo de perícias. Os vestígios encontrados podem explicar por onde a criança andou durante as horas que esteve desaparecido. Segundo uma fonte citada pelo jornal i, alguns desses vestígios podem seguir para Lisboa ainda esta quarta-feira para serem analisados pela PJ.

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Os familiares continuam a estranhar que a criança tenha sido encontrada de boa saúde após uma noite de chuva forte passada no meio da mata. Além disso, apesar de os cães pisteiros da GNR não terem procurado naquela zona na segunda-feira, os familiares asseguram que os militares não escutaram qualquer choro de Martim vindo da área em que foi encontrado.

“Resistência à desidratação é menor” do que à fome

Em setembro, uma criança de três anos esteve perdida durante 72 horas numa floresta da Sibéria, entre ursos e lobos. Tserin Dopchut também se perdeu da sua avó, e acabou por seguir um dos cães para o interior profundo da floresta. Conseguiu sobreviver durante três dias apenas com os chocolates que levava no bolso. Na altura, a questão levantada foi precisamente como poderia uma criança sobreviver tanto tempo sozinha sem recursos.

A diretora-clínica do hospital Amadora-Sintra, a pediatra Helena Almeida, explicou ao jornal i que “podemos estar vários dias sem comer, mas a resistência à desidratação é menor”. Por isso, sublinha, Martim pode ter tido, por exemplo, o instinto de beber água de poças ou da chuva, afirma a pediatra.