“A confirmarem-se os factos, o ministro da Educação não tem quaisquer condições para continuar em funções”, disse ao Observador o porta-voz do CDS João Almeida, poucas horas depois da notícia do Observador sobre as duas falsas licenciaturas de Nuno Félix, chefe de gabinete do secretário de Estado do Desporto e da Juventude. O CDS pede a demissão de Tiago Brandão Rodrigues porque “ninguém pode, no Governo, ocultar informação quanto ao grau académico, muito menos o ministro da Educação“, afirmou o dirigente conservador num comentário gravado em vídeo.

Para o CDS, “não há justificação” possível: “Ou os factos se confirmam ou não se confirmam. Se se confirmarem, não há como ultrapassar a ocultação de graus académicos. É fundamental averiguar se o ministro sabia ou não”. João Almeida passa o ónus para António Costa: “Se as razões [da demissão do secretário de Estado João Wengorovius] eram estas, eram graves. Temos de saber se o ministro consegue convencer o primeiro-ministro a dizer que não sabia, quando o secretário de Estado diz que o informou”.

PSD diz que explicações do ministro são insuficientes

Perante o comunicado do Ministério da Educação que foi divulgado na sexta-feira à noite, o líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, veio afirmar que “as explicações do ministro da Educação são muito insuficientes e o PSD volta a instar o Governo a dar uma explicação cabal naquilo que é infelizmente um padrão de comportamento e um caso que não é o único”.

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O PSD não foi tão longe como o CDS que pede a cabeça do ministro da Educação. Esta sexta-feira, em declarações ao Observador, o deputado Carlos Abreu Amorim afirmou que “a confirmarem-se os factos, parece existir um padrão invertido de sentido de Estado” no caso das licenciaturas falsas de Nuno Félix. ” Isto verifica-se no caso de ser verdade que o ministro queria manter um chefe de gabinete que mentia em vez de um secretário de Estado que queria repor a verdade. O que é urgente neste momento para o grupo Parlamentar do PSD é que isto seja completamente explicado”.

Carlos Abreu Amorim exorta “o primeiro-ministro a obrigar o ministro da Educação a dar explicações cabais, concludentes e urgentes que permitam aos portugueses perceber o que se passou para salvaguardar a dignidade do Estado”. Para já, o PSD não pede para o ministro ir ao Parlamento, até por causa do calendário, uma vez que a Assembleia da República está ocupada com as discussões sobre o Orçamento do Estado.

Contactado pelo Observador, o PCP não faz neste momento qualquer comentário sobre a demissão do chefe de gabinete do secretário de Estado. Não foi possível obter uma reação do primeiro-ministro que se encontra na Colômbia a participar na Cimeira Ibero-Americana.

Notícia atualizada às 20h00 com as declarações de Luís Montenegro, líder da bancada parlamentar do PSD.