A antiga ministra da Educação e Cultura de Moçambique Graça Machel desafiou esta sexta-feira as instituições de ensino no país a colocarem a ciência ao serviço do povo, considerando que é preciso desenvolver o sentido de consciência nacional.

“Nós precisamos de colocar a ciência ao serviço do povo”, declarou Graça Machel em Maputo durante a primeira conferência internacional da Oficina de História Moçambique, uma associação de investigadores moçambicanos e internacionais para a promoção e divulgação de projetos de pesquisa.

Sublinhando a necessidade de o sistema de ensino moçambicano definir prioridades a curto e a longo prazo, Graça Machel disse que a educação em Moçambique deve conduzir o povo à consciência de pertença a uma nação.

Ao convidar os moçambicanos a redefinirem o conceito de “homem novo”, proposto na governação do primeiro Presidente de Moçambique, Samora Machel, a ativista social defendeu que a coesão necessária na educação no atual contexto moçambicano passa pela reinvenção de sonhos comuns.

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“O Homem novo é aquele jovem que está comprometido em desenvolver a pátria”, esclareceu a viúva de Samora Machel, frisando que é necessário que a comunidade estudantil e académica tenha a noção de que o compromisso com o povo é maior que qualquer interesse individual.

“Temos de ter um projeto comum”, reiterou a antiga governante, acrescentando que a ciência existe para desenvolver um individuo inserido num meio social.

Para Graça Machel, a visão da instrução como um instrumento para tomar o poder deve ser reavaliado em função do atual contexto, garantindo que a educação continue uma ferramenta de transformação social.

“A educação não deve ser privilégio de ninguém”, observou, acrescentando que o país precisa de garantir que o ensino seja para todos, como foi feito nos primeiros anos da independência.

As áreas de desenvolvimento económico, na ótica da antiga ministra da Educação e Cultura, devem constituir prioridade no sistema de ensino de Moçambique, sem, no entanto, se desvalorizar as ciências sociais e humanas.

“Não se esqueçam, há uma pátria por desenvolver e há uma pátria para defender”, concluiu Graça Machel, salientando que este é o momento de os moçambicanos definirem o perfil da próxima geração.

Subordinada ao tema “Samora Machel na História: Memoria, Educação e Cultura Popular”, a primeira conferência internacional da Oficina de História Moçambique, com o apoio da Fortaleza de Maputo e do Arquivo Histórico de Moçambique, junta pesquisadores de Portugal, Canadá, Alemanha, Brasil, Dinamarca, Suíça, Itália, Quénia e Canadá para debater o legado do primeiro Presidente de Moçambique.